Pode não parecer, mas há paralelos entre duas obras clássicas da literatura mundial, Dom Quixote – que terminou de ser publicada há 400 anos – e Os lusíadas. Seus autores, o espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) e o português Luís de Camões (1524-1580), foram ambos soldados orgulhosos dos seus ofícios; os dois também tiveram ferimentos de guerra e passaram longos períodos presos.
Para falar um pouco mais sobre a obra desses dois escritores, o Museu Militar do Forte do Brum inaugura nesta quarta (20/5), às 19h, a mostra Cervantes e as três viagens de Quixote e Camões: uma iconografia, com desenhos do arquiteto espanhol José Maria Plaza Escrivá e um painel da arquiteta Sandra Paro.
A escolha do local da exposição reflete justamente esse olhar dos pontos em comum entre Camões e Cervantes. Segundo José Maria, nenhuma mostra tratou até hoje dessas semelhanças biográficas entre os dois. “Os dois são escritores universais e também soldados. Cervantes, em certo ponto, chegou a considerar que sua vivência de batalhas era mais importante que a vida de escritor”, afirma o arquiteto. Hoje, ele ainda aproveita a abertura da mostra para fazer uma conferência sobre o assunto, focando especialmente Cervantes.
Os 64 desenhos da mostra foram feitos por José Maria – ainda existe um painel criado por Sandra Paro, que retrata o personagem do clássico espanhol. Boa parte deles mostra lugares em que Cervantes viveu ou construções que foram importantes na sua vida. “Todos os desenhos estão em A3 e em A2 e foram feitos com nanquim em bico de pena. Eles ainda foram criados em viagens para os próprios locais retratados”, conta Sandra. José Maria ainda criou ilustrações que representam cenas do livro, que conta a história de Dom Quixote, um leitor de romances de cavalaria que passa a acreditar que é um cavaleiro andante medieval.
Recife é a primeira cidade a receber a exposição, que ainda deve passar por Salvador, Rio de Janeiro e ir a Madri, em 2016. No dia 10 de junho, o Museu Militar do Forte do Brum recebe outra conferência, ministrada pelo pesquisador e poeta José Rodrigues de Paiva sobre Camões.