Oficina de videopoemas incentiva a relação entre literatura e cinema

O formato ajuda a ampliar os sentidos dos poemas e é tema de curso ministrado por Eva Jofilsan
Diogo Guedes
Publicado em 13/06/2015 às 5:52
O formato ajuda a ampliar os sentidos dos poemas e é tema de curso ministrado por Eva Jofilsan Foto: Adalberto Oliveira/Divulgação


Existem artistas que gostam de testar os limites e as possibilidades das linguagens com que trabalham, usando-se de novas tecnologias ou formatos ou ainda criando diálogos com outros campos. É de experiências assim que surgem formatos híbridos, como o dos videopoemas, recriações de versos com imagens e cenas que os completam e ampliam. Entre o cinema e a literatura, esses filmes poéticos são o tema de uma série de oficinas ministradas pela diretora Eva Jofilsan, que começam segunda no Espaço Pasárgada.

O curso Da Poesia ao Vídeo: A Construção do Videopoema traz debates teóricos e exemplos desse formato, com objetivo de fazer cada aluno interpretar os poemas e criar em cima deles. A oficina vai circular por quatro cidades da Região Metropolitana: além do Recife, que terá duas turmas, Eva irá para Jaboatão, Olinda e Camaragibe no mês de julho. As inscrições podem ser feitas no site dapoesiaaovideo.wordpress.com.

Não é exatamente fácil de definir o que são videopoemas: eles podem abarcar versões livres de poemas e até outros tipo de recriações de narrativas, desde que não sejam uma mera adaptação literal da narrativa. “É um formato amplo, que abarca o que se quiser definir como videopoema. Para mim, o importante é que nenhuma das linguagens fique acima da outra”, comenta Eva.

Wilma from Eva Jofilsan on Vimeo.

A cineasta começou a se interessar pela área quando cursava a faculdade de cinema e tinha amizade com o poeta e ator Biagio Pecorelli. Foi a partir de um verso dele que ela dirigiu seu primeiro videopoema, Vertical, segundo lugar no concurso de vídeos da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), em 2007. “Através desse vídeo e da Fliporto, eu conheci (a poeta) Cida Pedrosa e ela estava com o projeto As filhas de Lilith, com trabalhos baseados no seu livro. Mais tarde, fiz meu segundo videopoema, Wilma”, conta Eva.

No curso, além de passar a própria experiência no formato, ela vai fazer uma breve introdução sobre o tema, passando pela história de experimentações e tentativas. “Desde cedo, as vanguardas começaram a se interessar por subverter as possibilidade de aparatos tecnológicos. Quando surgem movimentos como o concretismo e o neoconcretismo, os artistas passam a utilizar a videoarte, a projeção, criar espaços híbridos de imagens, atuação e poesia”, explica a cineasta.

Entre seus trabalhos, estão booktrailer poéticos, como o criado para o romance Nossos ossos, do amigo Marcelino Freire. Ele fez o mesmo com um conto seu, A única voz. “Quando os textos são mais longos, eles têm ‘ilhas’ que me tocam visualmente, um pequeno trecho. A partir deles que faço a transcriação do vídeo”, aponta.

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