Críticas gastronômicas de Apicius são reeditadas em e-book

Sem revelar sua identidade, o jornalista escrevia sobre os restaurantes do Rio de Janeira com propriedade e uma pena impiedosa
Do JC Online
Publicado em 20/08/2015 às 5:15
Sem revelar sua identidade, o jornalista escrevia sobre os restaurantes do Rio de Janeira com propriedade e uma pena impiedosa Foto: Reprodução


“Só escrevo o que vi. Como e pago. Nem sou melhor tratado que o comum dos fregueses, pois não me faço anunciar.” Era assim que o crítico gastronômico carioca Roberto Marinho de Azevedo realizava seu ofício. Assinando sempre com um pseudônimo, Apicius, permanecia anônimo e tentava ser o mais livre possível para falar sobre os locais onde comia, sozinho ou acompanhado por amigos, dos quais só colocava uma inicial, tentando garantir que não fosse reconhecido, para não ter atendimento privilegiado.

Com suas crônicas, publicadas no Jornal do Brasil nas décadas de 1970, 1980 e 1990, Apicius marcou época no jornalismo gastronômico e cultural. Nesta quinta (20), a editora pernambucana Cesárea relança no seu site (www.cesarea.com.br) uma coletânea com seus textos, selecionados por Patrícia Kranz, em formato digital, intitulada Confissões Íntimas (132 páginas, R$ 8).

A obra é um exemplo de um jornalismo crítico que tenta manter sua independência e liberdade, mas vai além: também traz um retrato cheio de detalhes e histórias sobre a gastronomia carioca e brasileira. No prefácio do volume, a pesquisadora Renata do Amaral, que fez doutorado sobre os textos de Apicius, comenta a importância das crônicas – lembra, por exemplo, que o pseudônimo vinha de um gastrônomo romano que preferiu se suicidar ao notar que ia perder sua fortuna, pois não queria correr o risco de morrer de fome.

“O legado mais importante de Apicius talvez seja a defesa da independência da crítica, em tempos em que esse gênero anda tão em baixa no Jornalismo Cultural em geral e no gastronômico em específico. Com raras exceções, a crítica hoje praticada no país peca pela ausência de opinião e pela ênfase apenas na informação – que é importante, sim, mas que exclui o teor avaliativo que o leitor espera encontrar nesse tipo de conteúdo” destaca.

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