Um dos principais eventos culturais do Estado, a Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), não vai acontecer em 2016. Depois de ter sido adiado para dezembro, o evento foi cancelado quarta (16) pelo seu organizador, o político e advogado Antônio Campos (PSB). O motivo, ele informou em nota, foi a falta de apoio do Governo do Estado.
Esta seria a 12ª edição da Fliporto, que já tinha seu tema, Literatura e Realidade, e o homenageado, Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, divulgados. Apesar de não ter anunciado nenhuma atração, o evento já havia convidado escritores e artistas – além disso, em 8 de novembro, por exemplo, a página do Facebook do festival falava sobre a obra de Euclides e reiterava a nova data das mesas, entre 2 e 4 de dezembro.
Em nota assinada por Antônio e Mário R. Santos, a Fliporto afirmou que, por conta do ano de adversidades econômicas, “tornou-se imprescindível o apoio do Governo do Estado para a execução do projeto, neste ano”. “Porém, não foi possível obter tais recursos, por não termos conseguido sequer protocolar o projeto, ante negativa de recebimento, o que inviabiliza, de forma decisiva, a realização da Fliporto, nesta edição”, continua o texto. Os organizadores ainda reclamaram que, desde 2014, a Fliporto aconteceu dentro do Colégio São Bento diante de “dificuldades colocadas pela Prefeitura de Olinda, à época, na obtenção das licenças necessárias para a realização do evento na Praça do Carmo”.
Segundo a organização, o evento volta a acontecer em 2017, com o tema e o homenageado previstos para este ano. Em um e-mail, Antônio Campos mandou as respostas que escreveu para uma entrevista – intitulada de “coletiva”, mas aparentemente feita sem a participação de nenhum veículo de comunicação – com perguntas feitas por alguém não identificado. Nelas, ele critica ainda com mais ênfase o Governo do Estado – antes, já havia atacado Paulo Câmara (PSB) por não ter apoiado a sua candidatura derrotada à prefeitura de Olinda.
“Inicialmente, minha maior crítica é à política cultural do Estado (...) Falta uma política cultural sistemática e competente à Secretaria de Cultura e à Fundarpe. (...) Vejo um privilégio, também, ao Turismo em detrimento da Cultura”, escreveu. Além disso, criticou a opção do governo estadual de criar um novo evento literário, a Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), em detrimento de iniciativas já existentes, como a Bienal do Livro e a Festa do Livro da Fliporto. “A Prefeitura de Olinda nunca entrou com um centavo e nunca tentou buscar um apoio para o evento. Achavam um verdadeiro favor nos aceitar em Olinda. Enquanto aconteceu na Praça do Carmo, pagávamos, entre outras, as despesas de manutenção, limpeza e segurança da Praça, como contrapartida pela cessão do espaço”, revelou.
Por fim, na entrevista de divulgação, Antônio Campos ainda afirmou que o cancelamento não é uma retaliação por conta de sua derrota nas eleições municipais. “Essa decisão não tem nada a ver com resultado eleitoral. É uma decisão diante de um cenário adverso para a realização de uma festa literária que precisa de mais apoio”, pontuou.
Por meio de nota, a Empetur informou que “não recebeu qualquer solicitação de apoio para a edição deste ano” e só recebeu um aviso de que o festival não aconteceria. No e-mail, Antônio diz: “Quisemos protocolar o projeto Fliporto, esse ano, com outra produtora executiva, uma vez que faço apenas a parte cultural e diante de algumas exigências, inviabilizaram o protocolo e mesmo o projeto. Temos como provar isso”.
A Fliporto já esteve envolvida em problemas com o Governo do Estado. Em 2013, enquanto o irmão de Antônio, Eduardo Campos, era governador, a Empetur destinou R$ 3,5 milhões para o evento – depois do patrocínio ser divulgado, o festival devolveu o dinheiro cedido.