Cícero Belmar vai assumir cadeira na Academia Pernambucana de Letras

A cerimônia de posse será na sexta (7), quando ele passa a ocupar a cadeira 33 da instituição
JC Online
Publicado em 05/07/2017 às 7:52
A cerimônia de posse será na sexta (7), quando ele passa a ocupar a cadeira 33 da instituição Foto: Carlos Lima/Divulgação


O escritor e jornalista bodocoense Cícero Belmar tem vivido dias de ansiedade. Não é por menos. Homem simples, tem duas cerimônias formais – reconhecimentos por sua trajetória – num espaço curto de dois dias. Nesta quarta (5), a partir das 16h, recebe na Câmara Municipal do Recife o título de cidadão recifense. Na sexta (7), a partir das 20h, assume a cadeira de número 33 da Academia Pernambucana de Letras (APL).

“A eleição para a academia foi em março e, desde então, fui guardando expectativas para a posse em si, há todo um preparativo. Já venho participando das reuniões da APL, mas fico nervoso pelo ritual da cerimônia”, confessa o escritor.

Autor dos romances Umbilina e Sua Grande Rival e Rossellini Amou a Pensão de Dona Bombom, além de livros infantis, peças teatrais e volumes de contos, Belmar obteve 30 votos no pleito. Na verdade, já havia sido convidado antes, mas nunca se imaginou na APL. “Eu sempre me vi muito como jornalista. Sempre me achei um autor de poucos leitores, nunca sonhei em ser muito reconhecido ou popular. Só que, pensando, fui vendo que a literatura me deu muito na minha trajetória: era convidado para eventos por conta dela, recebi prêmios. Nunca pleiteei isso, mas achei que era a hora de superar meu bloqueio, minha timidez mesmo”, conta.

Na posse na academia, Belmar vai ser recebido pelo escritor José Paulo Cavalcanti Filho. Também vai levar como convidado Chico Pedrosa, que mostra a relação do novo acadêmico com a cultura popular. “No discurso, vou trazer algumas reflexões sobre como tenho visto que a literatura é essencial para a questão do olhar e do humanismo”, aponta. “Além disso, vou lembrar que no meu cotidiano de repórter, convivendo com grandes dramas humanos, comecei a despertar para a literatura, vi que havia ali histórias a serem contadas.”

Além disso, Belmar quer destacar a importância da poesia popular e da literatura e do teatro infantil. “São gêneros muito discriminados. Quando a APL me coloca nas suas fileiras, termina reconhecendo também a importância deles”, comemora. O discurso, claro, ainda vai render homenagens ao patrono da cadeira e a ocupante anterior, a poeta Lucila Nogueira, que era amiga de Belmar e até escreveu um poema, Sentimento Súbito, para o autor.

Na academia, o autor espera poder contribuir também com ideias. “Acho que a APL pode se abrir mais do que nas conferências e debates, que são muito profundos, mas às vezes ficam restritos. Acho que o espaço pode ser mais ocupado, inclusive por um público mais jovem”, pondera.

FORMAÇÃO

Junto com o jornalismo, foram as suas leituras que o formaram, muito antes de começar a escrever em livros ou jornais, como um autor. O primeiro nome que devorou foi Jorge Amado, de quem leu quase tudo de uma vez. “Mais na frente, fui descobrindo outros: Gabriel García Márquez virou meu papa; eu amo Vargas Llosa, e ainda li muito Thomas Mann, Dostoievski e Thomas Wolfe”, comenta.

Nos últimos meses, até por conta dos preparativos, Belmar tem escrito pouco. O romance sobre a travesti Lolita ainda está sendo feito. No período, só produziu três contos, que devem sair em um futuro volume chamado Livro dos Personagens Esquecidos. “São várias histórias, em que falo de vários tipos de esquecimento”, antecipa.

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