Luiz Gonzaga é dono de uma das obras tematicamente mais abrangentes entre todos os artistas da música popular no Brasil. Um mito nordestino. Em sua música, no entanto, ele não se restringiu à sua região de origem. Foi cantor de um País inteiro. Uma obra caudalosa, generosa quanto ao povo, seus sentimentos, costumes, tradições, fauna, flora, geografia. Ideologicamente, esta obra é pontuada por dubiedades e paradoxos.
Paradoxal, igualmente, é um fato ao qual a grande maioria dos livros sobre Luiz Gonzaga insistem em não dar atenção: ele compôs muito poucas das centenas de músicas que gravou. Várias vezes, se confessou mais cantor do que autor. Da mesma forma, quase todos os seus parceiros não escondem que cederam parceria para o Rei do Baião, porém, geralmente, suavizam a revelação com um argumento: ninguém interpretaria a composição igual a ele. Ou ressaltam o talento de Gonzagão para “sanfonizar” as composições – ou seja, como usava seus dons de arranjador para enriquecê-las.
O Jornal do Commercio, publica nesta quarta-feira (20/6), o segundo dos quatro cadernos especiais em celebração ao centenário de Luiz Gonzaga, será abordada a técnica do sanfoneiro, aperfeiçoada durante os anos em que morou no interior de Minas Gerais, servindo ao Exército, e suas principais influências nesta época. E o tema principal será Luiz Gonzaga, sua música e seus parceiros, com ênfase para o Doutor do Baião, José Dantas de Souza Filho, o Zé Dantas, cujo aniversário de 50 anos de morte aconteceu no dia 11 de março de 2012. Pernambucano de Carnaíba, no Sertão do Pajeú, Zé Dantas com Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga arquitetaram o que se convencionou chamar de forró, ou, para muitos, música nordestina.
Outros compositores, eventuais parceiros, ajudam a entender como o Rei do Baião formatou sua obra seminal para a cultura brasileira: Onildo Almeida, João Silva, Rildo Hora, Janduhy Finizola e também Zé Dantas, com a colaboração da viúva Yolanda Dantas.