O corpo do percussionista Naná Vasconcelos está sendo velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na Boa Vista, área central do Recife, na tarde desta quarta-feira (9). O músico teve uma parada respiratória e morreu às 7h39. O enterro será na quinta-feira (10), às 10h, no cemitério de Santo Amaro, também na área central do Recife.
Na Casa, muitas coroas de flores e estandartes de maracatu foram colocados para homenagear o músico. Amigos e familiares, além de deputados como Aluízio Lessa e Valdemar Borges, personalidades como Bela Maia (ex BBB), André Brasileiro e populares foram se despedir de Naná.
Patrícia e Luz, esposa e filha do mestre, respectivamente, falaram com a imprensa. "É um momento de muita comoção. Ele trabalhou até o último momento no hospital. Os amigos e músicos estavam tirando som com ele", disse. Ela também falou da importância cultural que o esposo tinha na cultura de Pernambuco. Por fim, a esposa falou como vai ser esse momento. "Vai ser difícil viver sem ele. Ele era uma pessoa maravilhosa e nós fomos muito felizes juntos", falou emocionada. O Maracatu Nação Porto Rico também homenageia o músico.
INTERNAÇÃO - O músico pernambucano estava internado no Hospital Unimed III, na Ilha do Leite, desde o dia 29 de fevereiro devido a complicações causadas por um câncer de pulmão. Ele descobriu o câncer no ano passado, quando ficou mais de 20 dias internado para tratamento. Depois, passou por sessões de quimioterapia e, mesmo com a saúde debilitada, chegou a produzir um último trabalho com Zeca Baleiro e Paulo Lepetit, o Café no Bule.
CARREIRA - Juvenal de Holanda Vasconcelos, ou Naná Vasconcelos, nasceu no Recife em 2 de agosto de 1944. O pai, músico, lhe passou o gosto pela arte e o filho começou cedo. Aos 12 anos já se apresentava em bares e participava de grupos de maracatu locais.
Aprendeu primeiro a tocar bateria. Depois, berimbau e não parou mais: ao longo da carreira, uma das características da sua percussão era usar qualquer objeto que produzisse um som interessante para compor seus trabalhos.
Naná começou a ser conhecido nacionalmente ao mudar para o Rio de Janeiro, na década de 1960, e tocar com o mineiro Milton Nascimento e o também pernambucano Geraldo Azevedo.
Em seguida, sua carreira deslanchou no exterior. Morou nos Estados Unidos e na França, compôs trilhas sonoras para filmes e recebeu oito Grammys, um dos maiores prêmios de música do mundo.
Eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat, Naná Vasconcelos chegou a fazer parcerias com artistas como B.B. King e Ella Fitzgerald.
Fruto do aprendizado informal da música, sem nunca ter cursado nível superior, em dezembro de 2015, o artista recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).