<a href="http://gabrielaraujo.bandcamp.com/album/presente" mce_href="http://gabrielaraujo.bandcamp.com/album/presente">Presente by Gabriel Araújo</a> O nome por trás do Hominis
Em 2013, o jornal O Globo publicou uma longa matéria sobre a cena musical periférica do Recife. Foram citados Juvenil Silva, Graxa, DMingus, Matheus Mota, Jean Nicholas, o festival Noite do Desbunde Elétrico e outros artistas que por vezes eram despercebidos pela própria imprensa local. A matéria foi escrita pelo repórter Silvio Essinger, que conhecera Desapego, primeiro disco de Juvenil, através do blog de downloads Hominis Canidae.
“Fui ver se o cara fazia parte de uma cena. Fazia e tava toda ali no Hominis, se não me engano. Cena heterogênea, de talentos que se conectavam mais na vontade de fugir do clichê de Recife mangue do que qualquer outra coisa. Gente fodida, culta e muito inteligente”, comenta Silvio. Após a projeção, os artistas da “Cena Beto” chegaram aos grandes palcos do RecBeat, Coquetel Molotov e Abril Pro Rock. Este é apenas um caso, mas mostra como o Hominis, mantido há sete anos pelo trabalho de aficionados, tornou-se um mediador cultural importante, disseminando sangue novo na cena musical.
Diego Albuquerque, pernambucano e fundador do blog, mantém também a revista de entrevistas MI – Música Independente de Pernambuco e já colaborou com as revistas Outros Críticos e Continente. “Com certeza eu sou fã de mú- sica, se não, não faria isso. Mas não sou jornalista de formação, apenas sou curioso desde o cerne. Tive zine na época do colégio, cresci em shows pequenos do HC e metal puxado pro HC. Indie rock, etc. Trabalhei em eventos,trazendo bandas pra cidade, essas coisas”, afirma ele. “Sou fã de música e vou para festivais, indo para festivais comecei a falar sobre eles a ponto de acreditarem em mim como alguém que pode passar essa informação (uma das funções do jornalista). Minha formação é em Ciências Biológicas. Posso ser crítico, mas não acredito que a minha opinião seja importante para os outros (risos). Ajudamos os jornalistas a ter conteúdo pro caderno de cultura”, conclui.
"O blog foi criado no São João de 2009. Eu odeio esse feriado, por conta das fogueiras e minha rinite alérgica. Além de chover muito. Então fiquei em casa de bobeira e resolvi pagar umas dividas. Muita gente queria que eu ripasse discos que tinha comprado em shows. Discos independentes, adolescente liso compra um, outro compra o outro e troca ou manda link. A ideia inicial do blog foi colocar os CDS que eu tinha em casa", relembra. "Não tinha isso de gringo e nacional, mas por viver no underground do Brasil, tinha muita coisa nacional, bem mais que gringo. Dai joguei nuns grupos de orkut e tinha muito disco soldout, então a galera enlouqueceu um pouco".
Diego conta que no primeiro mês o Hominis postava cinco ou seis novos discos diariamente, tudo gratuito. "Era meio insano. Hoje em dia são dois discos por dia e boa parte dele conseguimos no nosso email. Ou seja, as bandas mandam pra gente. São só dois, mas ainda é um trampo. São mais de 50 discos por mês, além de bootlegs as quartas-feira e a coletânea mensal no último dia do mês", comenta.
E qual a motivação para continuar esse trabalho mesmo sem remuneração? "O que me motiva é gostar de música. Hoje em dia temos uma lojinha online, vendemos quadros e camiseta. Ingressos pras festas que criamos pra financiar o blog e nossas ideias. Quem nos apoia, curte o trampo, chega junto e fortalece. Temos mais planos, que podem virar grana, ou não. Mas enquanto for divertido fazer, irá existir", garante.