Prince foi um gênio visionário e iconoclasta da música pop

O primeiro superstar a enfrentar a indústria fonográfica
Do JC Online
Publicado em 22/04/2016 às 2:05
O primeiro superstar a enfrentar a indústria fonográfica Foto: foto: divulgação


"No início Deus fez o mar/o sétimo dia foi pra me criar". Os versos de My Name is Prince são o melhor exemplo da calculada empáfia do ator, músico, produtor, compositor, cantor Prince Rogers Nelson, falecido nessa quinta-feira (21), em Chanhassen, no Minnesota, em sua propriedade Parsley Park, e onde gravava seus discos. Ele completaria 58 anos em 7 de junho. O artista tinha problemas de saúde há algum tempo. Recentemente, o avião em que ele viajava teve que fazer um pouso de emergência em Moline, Illinois, para que ele fosse levado a um hospital, supostamente vítima de uma forte gripe, que o obrigou a cancelar várias apresentações. Sua assessoria não revelou mais detalhes sobre a causa da morte, que permanecia sob investigação.

Num ensaio na revista New Yorker, Prince foi definido como "se Dorian Gray fosse criado por Cher e James Brown". Baixinho, arrogante, extremamente talentoso, Prince, entre 1978 e 1988, foi o nome mais badalado da música pop do mundo. Lançou For You, seu álbum de estreia aos 19 anos. Em 1984, com Purple Rain emplacaria dois megahits, When Doves Cry e Purple Rain. Assim como Madonna, sua contemporânea, ele manipulava a mídia, espargindo sexo ao longo dos caminhos que trilhava. Hetero, insinuava­-se andrógino (expressão ainda em voga). Em Dirty Mind fala de incesto, sexo oral. Punha em cheque dogmas sociais e religiosos, porém acabou se convertendo às Testemunhas de Jeová(não se sabe bem até quando durou a conversão).

Ao longo de uma carreira de 35 anos, Prince lançou 39 discos, mas com material para pelo menos o dobro. Fez a festa das gravadoras piratas, com centenas (sic) de álbuns de músicas furtadas dos arquivos do artista. Fazia música em escala industrial, num longo e influente espasmo criativo que abrangeu do funk ao rock, do pop ao rhythm and blues, criava bandas, e promovia artistas. Já se disse que Prince foi durante cerca de dez anos o equivalente aos Beatles na década de 60, pela quantidade, variedade e intensidade da música que entregou ao público. Ao mesmo tempo em que transgredia padrões estéticos, peitava a indústria fonográfica. Chegou a trocar o nome por um símbolo que confundiu a todos, ou denunciou o estado de escravidão do artista dependente da gravadora, no seu caso a Warner Music, de onde saiu em 1996.

Em 1994, lançou um dos mais controversos títulos da história do rock, Black Album, em que se tornou iconoclasta de si mesmo, desconstruindo o mito Prince, num disco que trazia apenas um numero na capa, supostamente feito para revidar as críticas de que resvalara demasiadamente para o pop. O Black Album foi retirado das lojas a pedido do próprio Prince, que liberou apenas uma centenas de cópias na Europa. O álbum, obviamente, caiu na pirataria e, até ser novamente relançado pela gravadora, bateu recordes de vendas.

(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio)

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