Alice Caymmi debuta no Abril pro Rock

Neta de Dorival apresenta versão roqueira do elogiado show Rainha dos Raios
Bruno Albertim
Publicado em 29/04/2016 às 5:12
Neta de Dorival apresenta versão roqueira do elogiado show Rainha dos Raios Foto: Reprodução


Quem esteve àquela noite, no final do ano passado, no Teatro Guararapes, pôde ver. Com direção de um agudíssimo Paulo Borges, uso intenso de sintetizadores e uma profusão de informações visuais que nos levaram rápido do lúdico à vertigem, o show “Rainha dos Raios” nos informava porque Alice Caymmi veio para se tornar um verbete definitivo na linha evolutiva da música brasileira.


Momento antológico da história recente do show bizz brasileiro, o show era uma arriscada faca de dois gumes. Poderia facilmente ter engolido a cantora, transformando-a em detalhe nos excessos hipnotizantes do palco. Mas, dona de uma musculatura vocal que, sim, pode ser sintetizada no sobrenome da família sobre o qual a história da música brasileira tem um dos pilares, Alice fez com facilidade da voz volumosa, afirmativa, a grande moldura da instalação sinestésica que é Rainha dos Raios, o show transformado agora em DVD.  É, contudo, despida de maiores cervicais tecnológicas, que a neta de Dorival desembarca hoje para seu primeiro show do Abril pro Rock. Alice Caymmi é uma das trações da noite pop do veterano festival, no Baile Perfumado.


“Este será um show mais rock n roll”, diz Alice, por telefone, ainda no Rio, antes de embarcar para o Recife onde, hoje, terá apenas uma hora para passar o som e arrematar o repertório. Acompanhada de banda, em vez do maestro eletrônico da versão para teatro de Rainha dos Raios, Alice deve replicar o show que fez sucesso como abertura de uma das noites do último Rock in Rio, com versões à sua maneira de clássicos como Black Dog, do Led Zepellin. “O formato tecnológico com figurinos tem uma intensidade como atriz muito forte pra mim, e traz uma energia diferente, mas é mais solitário, exige mais concentração, no meio dos telões e dos bailarinos, e é sempre mais difícil de ser acesa a alegria de um show aberto”, diz ela, contente com o velho formato bateria, baixo e guitarra clássico desde que o rock é rock.


Alice Caymmi é uma cantora que importa não apenas pela voz que confirma a ascendência familiar - e não deve ser mole começar a assinar o nome na mesma profissão em que já milita uma tia chamada Nana. Mas porque sua assinatura artística confirma a tal pós-modernidade nem sempre materializavel. Sua voz densa, volumosa e de uma carga dramática que reveste de fatalidade sua leveza pop, confirma que em estética, neste futuro de hoje em dia, já não há mesmo hierarquias. Simplificado como eclético, seu repertório vai de clássicos roqueiros como "Paint it Black", dos Rolling Stones, “Homem”, rock hormonal recente de Caetano, pout pouris de dances musics, á corajosa e já icônica versão de Princesa, do funkeiro carioca MC Marcinho, ou sucaroses de compositores meio rechaçados como Michael Sulivan. Alice não é das cantoras que seguem a cartilha previamente estabelecida pela "inteligentsia".

É, aliás, o que se pode ver no DVD que ela traz na bagagem: circo conceitual pós-moderno em que teatro, moda, música e artes visuais se hibridizam, Rainha dos Raios é um show de tantos apelos que seria um desperdício não transformá-lo no bem dirigido DVD em que resultou.


Hoje, é possível ainda que Alice faça uma visita ao palco durante o show do amigo Filipe Catto. “Vontade não falta, mas tanto eu como ele gostamos de fazer tudo bem ensaiadinho. Aí, não sei se vai dar”.

 

Aqui, reveja a entrevista que Alice concedeu quando trouxe o show Rainha dos Raios ao Teatro Guararapes: https://www.youtube.com/watch?v=yzhBrrfT-G0

https://www.youtube.com/watch?v=yzhBrrfT-G0

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