Adiel Luna e Bule Bule em Cordeis, Repentes e Canções

A Dupla Faz Apresentação no projeto Cantos Rurais em Olinda
JOSÉ TELES
Publicado em 28/06/2017 às 13:14
A Dupla Faz Apresentação no projeto Cantos Rurais em Olinda Foto: foto: Léo Motta/JC Imagem


"Num samba de coco, você bate o pandeiro, o pessoal se balança, mas no repente tem que prestar atenção. O poço fundo e a corda é comprida, não é fácil". É assim que o músico e poeta Adiel Luna explica o pouco interesse que o repente desperta em Pernambuco, fora dos chamados "apologistas" (o público da cantoria de viola). Luna é repentista que também estende seu talento pelo coco, pela embolada, pelo forró. O baiano Antonio Ribeiro da Conceição, conhecido com Bule Bule (apelido que ganhou aos doze anos), também emenda a cantoria de viola com tiranas, chulas, sambas rurais. Com esta identificação de estilos Adiel Luna e Bule Bule se apresentam, amanhã, às 21h, em Olinda, no Xinxim da Baiana (com ingresso a R$ 20), com o projeto Cantos Rurais.

"Eu tive oportunidade de conviver com grandes cantadores, começando dentro de casa, com o meu pai Arnaldo Ferreira, mas tenho as minhas referências, e Bule Bule é uma delas. A gente tem esta inquietação de não se satisfazer com uma só coisa. Quando fui para a Bahia, ele me levou pelo Estado. Saímos eu, ele e outro cantador baiano, Antonio Queiroz, fazendo repente e cada um cantando a música de sua terra. Quando voltei incorporei essas músicas ao que faço, e veio a ideia de um projeto com Bule Bule, uma espécie de container da oralidade de Pernambuco, Paraíba e Bahia. Estamos montando o projeto para dar continuidade, com banda e tal", explica Adiel Luna.

70 e 50

Recuperando-se de um transplante de rim, Bule Bule está celebrando este ano 70 anos: "Eu digo que são 70 anos de Antônio, e 50 anos de Bule Bule", diz o baiano, que este ano foi tema do São João de sua cidade natal, Antonio Cardoso, a 139 km de Salvador. Considera-se santo de casa que faz milagres: "Na minha terra também sou nome de rua, de praça", orgulha-se. Saliente-se que a admiração por Bule Bule, na Bahia, é peculiar, porque o Estado não tem tradição na cantoria de viola e, desde os anos 80, consome e exporta facilidades musicais pop. "Eles chegam e só passam três meses, enquanto eu já estou nisso há 50 anos".

Adiel Luna, por sua vez, num cenário musical mais variado, é um dado novo. Ele não se aproximou da cantoria, como alguns músicos, a exemplo de Siba Veloso. Ele começou no repente cantando com o pai, foi descobrindo a música, e se dando conta que as diversas manifestações poderiam trafegar pelo mesmo caminho. Dessa forma, tanto ele pode participar do Festival de Inverno de Garanhuns, num palco alternativo, como se juntar a forrozeiros no São João (foi uma das atrações do Sitio da Trindade este ano).

Amanhã Adiel Luna e Bule Bule se apresentam acompanhados por uma banda formada por Luzico do Acordeom (sanfona), Alexandre Copinha (sopros), Rubem França (violão de 8 Cordas), Johann Brehmer (percuteria) e Andreza Karla (percussão). O show terá ainda participações de Helder Vasconcelos, Sérgio Cassiano e Bruno Lins. As imagens do show serão gravada para um DVD, que servirá de divulgação do projeto Cantos Rurais.

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