Na turnê do álbum Chico (2011), Chico Buarque iria passar pelo Teatro Guararapes. Antecipadamente a assessoria do cantor avisou que ele não concederia entrevistas. Uma das opções sugeridas para falar sobre o show seria o baterista Wilson das Neves. Me passaram o numero do telefone da casa dele, no Rio.
Ligo, chama, e ele atende. Distraído, dou um boa tarde e pergunto: “É Oscar Castro Neves?”. E Wilson das Neves, na chincha: “Quem me dera, meu filho, quem me dera!” O também carioca Oscar Castro Neves (1940/1913), fez fama com a bossa nova, e fortuna como produtor e autor de trilhas em Los Angeles. Já o baterista, que faleceu sábado à noite, aos 81 anos, em consequência de um câncer, fez uma opção pelo Brasil.
Uma opção salutar para a MPB. Wilson das Neves, talvez o último dos mestres do samba de gafieira (com passagem pelo Dancing Avenida, por onde também passaram Robertinho Silva e Edson Machado). Teve uma carreira invejável, que inclui centenas de gravações em discos dos mais diversos nomes da MPB. Foi por exemplo, baterista, no disco inteiro, do clássico Coisas, do maestro Moacir Santos. Nos palcos esteve com os melhores, incluindo aí Elis Regina. Fez uma parceria admirável com Elza Soares (no disco Elza Soares- Baterista Wilson das Neves, de 1968), tocou em grupos como Os Gatos, no auge da bossa nova, e recentemente na Orquestra Imperial.
Desde 1982, tocava com Chico Buarque (de quem foi parceiro, em Grande Hotel, de 1999). Presença marcante nas turnês de Chico, Wilson das Naves pontuava as apresentações com carioquíssima malandragem e bom humor. Na última delas, ele vinha à frente do palco, cantava e sambava em Sou Eu (Ivan Lins/Chico Buarque).