Conheça Pablo Falcão, o pernambucano por trás da volta do Rouge

Ator de formação, empresário é dono do Chá da Alice - uma das principais festas pop do Brasil - e agora é o responsável direto pela carreira da girlband
Robson Gomes
Publicado em 26/11/2017 às 5:00
Ator de formação, empresário é dono do Chá da Alice - uma das principais festas pop do Brasil - e agora é o responsável direto pela carreira da girlband Foto: Foto: Gustavo Arrais/Divulgação


Pernambucano radicado no Rio de Janeiro, Pablo Falcão é ator, mas a partir de um ‘desaniversário’ criou o Chá da Alice, uma das principais festas pop do Brasil. Ao longo de oito anos de sucesso trabalhando em edições especiais deste evento com grandes estrelas como Anitta, Ivete Sangalo e Xuxa, ele conseguiu reunir a formação original do grupo Rouge após 13 anos e se tornou o novo empresário da girlband. Ao Jornal do Commercio, Pablo conta sua trajetória de fazer e acontecer, além dos planos sobre o retorno definitivo da banda.

ENTREVISTA // PABLO FALCÃO

JORNAL DO COMMERCIO – Pablo, você é ator de formação e, de repente, se tornou um empresário do entretenimento. Como tem sido estar do outro lado do palco?
PABLO FALCÃO – Como artista brasileiro entendo que nós temos que fazer acontecer. Produzir, administrar, limpar o palco e servir o próprio café. Atuar é apenas uma das manifestações artísticas que nos engloba. Uma vez vi uma entrevista do conterrâneo Marco Nanini onde ele dizia que se hoje ele tem esse reconhecimento e respeito foi por conta de suas escolhas. Todos os grandes prêmios que ganhou, foi por conta dos personagens que escolheu viver, fez o projeto, pôs em baixo do braço e foi à luta produzir. Até hoje ele produz seus próprios espetáculos, tem uma produtora e também administra um teatro. Então eu encaro da mesma maneira. É que no Brasil ainda se possui uma visão muito limitada sobre isso. Ou você é ator, ou empresário, ou escreve ou dirige. Comigo, aconteceu de eu poder emprestar toda minha arte a shows de artistas que admiro. Porque é isso que fazemos no Chá, a gente mistura o universo do artista com a atmosfera lúdica da festa. O Chá é mais que uma simples festa, é uma plataforma artística. Uma experiência única tanto para os artistas quanto para o público.

JC – O Chá da Alice foi um ‘desaniversário’ seu que, ao longo do tempo, virou a maior festa pop do Brasil. Quais foram os teus maiores desafios em produzir centenas de edições Brasil afora ao longo desses oito anos?
PABLO – Os desafios foram e ainda são muitos. E vão se modificando através do tempo. Fazer uma festa mensal e continuar sendo interessante no período de oito anos não é tarefa fácil, mas é muito prazeroso ver que o público delira com cada passo que a gente dá. Com cada ideia, cada direção de show, cada cidade do Brasil que recebe a nossa experiência. O maior desafio é, sem dúvida, inovar. Se reinventar através da mesma temática. Fazer a diferença e não deixar a peteca cair. O risco é alto, mas a gente vai lá e assume. Aposta, investe e faz!

JC – O Chá ganhou a aura de “máquina dos sonhos” de muitas crianças que cresceram. Trazer Xuxa de volta aos palcos para reviver o Xou da Xuxa, sem dúvidas, é resultado de um grande esforço seu e de sua equipe. Em outubro, o XuChá esteve em Pernambuco, sua terra natal. O quão simbólico foi pra você esta turnê e a apresentação da festa no Recife?
PABLO – Um garoto que aos 19 anos saiu de sua terra com poucos trocados no bolso, para viver numa pensão da Cidade Maravilhosa em busca de um sonho, jamais imaginou tropeçar na mesma calçada que a Xuxa. Quanto mais dirigi-la em um show. Agora imagina fazer isso na cidade em que nasceu? Imagina todos seus familiares e amigos de infância presentes? Foi muito emocionante. Recife para mim tem o mesmo significado que a nave da Xuxa. Representa tudo de melhor na minha infância. Fazer o XuChá no Classic Hall foi mágico. Como se pudesse voltar no tempo, eu lembrei da época em que ficava na porta do antigo Hotel Quatro Rodas em Olinda só pra ver a Xuxa sair. (risos) O tempo passou e eu estava ali, com ela, como uma amiga-parceira no mesmo palco, realizando o sonho de tanta gente, mas também o meu e o dela. A Xuxa é, de fato, muito especial.

JC – Em outubro, você fez história novamente ao reunir, no Rio de Janeiro, a formação original do Rouge, 15 anos depois, para voltar aos palcos num show totalmente novo, com ingressos esgotados. Em que momento você percebeu que era preciso fazer mais que um Chá com elas?
PABLO – Eu sabia que ia ser sucesso. Elas também sabiam. Mas a gente não imaginava a proporção. Foi muito além do que esperávamos. Depois de uma análise, percebi que isso se deve ao fato de que o público Rouge é hoje o que está consumindo a balada, as plataformas digitais. Foram as crianças-adolescentes do início dos anos 2000, e hoje são os jovens adultos que querem muito mais que reviver o grupo. Há uma necessidade em consumir novamente. E isso fortaleceu minha ideia de continuar com o grupo, além do Chá. Fazer músicas novas, novo show, DVD... Tudo tem surgido naturalmente. E os profissionais que estão ao nosso lado são os melhores do mercado. Em 2018, posso afirmar que a gente vai causar muito!

JC – Hoje você é o empresário do Rouge. É possível afirmar que esse retorno não é mais comemorativo, mas definitivo?
PABLO – Sim! É fato que a volta é definitiva. A comemoração dos 15 anos da banda ainda vai ser o alicerce para essa volta. Tanto que o show que entrará em turnê em 2018 vai se chamar Rouge 15 Anos. Mas para englobar essa história, as novas músicas vão entrando junto. O trabalho antigo e o novo vão se misturar. É preciso frisar que a essência do grupo será sempre a mesma. No trabalho novo vamos continuar falando de amor, sonhos, muita dança e diversão. Estamos vivendo num país tão polarizado, onde expressões como “inimigas” e “pisar” são tão presentes na música pop atual, que a gente vem pra resgatar a solidariedade, amizade, amor e os sonhos.

JC – Single Bailando, videoclipe, álbum de inéditas, DVD... O que há de concreto sobre os próximos passos do Rouge (e seja possível adiantar)?
PABLO – Tudo. Estamos assinando com uma grande gravadora e o primeiro single dessa nova fase já está pronto. O clipe de Bailando vai ser gravado no início de dezembro. E o lançamento será feito em janeiro de 2018. E já estamos às voltas para gravar o segundo single.

JC – Recife nunca recebeu um show do Rouge ao longo dos quatro anos de existência. A princípio, foi divulgado que a capital pernambucana receberá o Chá Rouge (hoje o show Rouge 15 Anos) em 2018. Esse martelo está mesmo batido? Caso sim, pode adiantar uma previsão mais concreta da data?
PABLO – É claro que levarei o show para Recife. O martelo ainda não está batido. Mas meus conterrâneos podem ficar tranquilos que farei isso acontecer. Assim que tiver concretizado darei ao Jornal do Commercio em primeira mão a notícia da data e local!

JC – O que Aline, Fantine, Karin, Li e Luciana ensinaram ao Pablo, pessoal e profissionalmente?
PABLO – Acho que não é bem ensinar, acho que a gente se afinou porque pensamos muito parecido. As cinco são muito guerreiras. Não tem tempo ruim. Criamos e ensaiamos o Chá Rouge em 15 dias. O show tinha uma estrutura de DVD. Não era simples. E só conseguimos porque a gente virou madrugadas. Não temos medo de trabalhar. Fomos operários da arte. Acho que a gente se completou. Cada um colocando a serviço do outro a sua característica. Seu trabalho. Seu coração.

JC – Há mais algum Chá que você queira muito fazer mas ainda não teve oportunidade?
PABLO – Vários! (risos) Ainda sonho com um Chá de Sandy e Junior. Imagina? Essa dupla tão querida e amada que inclusive cantam o hino da festa Chá da Alice: Vâmo Pulá!. Sonho também em um Chákira, o Chá da Madonna, Chá dos Backstreet Boys, Chá do Ricky Martin, Chá Cher... São tantos... É pop? É Chá!

JC – Em que momento um empresário do entretenimento como você consegue, enfim, se divertir?
PABLO – Sempre! Eu sempre me divirto em qualquer Chá. É muito fácil me ver no palco, ou lá em baixo misturado com o povo, dançando que nem o Jacaré do Tchan! (risos) Com amigos e música boa, não tem como não se divertir.

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