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No FIG, Fafá de Belém mostra seu romantismo 'com orgulho e alegria'

A noite de quinta (25) ainda contou com shows de Toni Garrido, Eddie, Igor de Carvalho e Claudio Rabeca

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 26/07/2019 às 12:51
Foto: Felipe Souto Maior/Fundarpe
A noite de quinta (25) ainda contou com shows de Toni Garrido, Eddie, Igor de Carvalho e Claudio Rabeca - FOTO: Foto: Felipe Souto Maior/Fundarpe
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Fafá de Belém, antes de tudo, se considera uma romântica. É o amor, em exageros, melancolias, despedidas e traições, que a interessa; é a emoção que ela diz cantar toda vez que sobe num palco. A Praça Guadalajara se tornou esse refúgio sentimental durante a noite, encerrada por ela depois de uma programação movimentada (e chuvosa, como tem sido padrão) no meio da semana do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que ainda recebeu nomes como Tony Garrido, Eddie, Claudio Rabeca e Igor de Carvalho, entre outros.

Desde as primeiras músicas, Pode Entrar, Pauapixuna e Meu Coração É Brega, Fafá deixou claro o roteiro da sua apresentação no Palco Mestre Dominguinhos. Acompanhada das guitarradas do Pará - formada por Manoel e Felipe Cordeiro, Davi Amorim e Pardal -, a cantora traz uma seleção intencionalmente eclética das canções que a tocam e que mexem também com o público.

“Eu sou uma cantora romântica, e com muito orgulho e alegria. Gosto de ser uma cantora popular. Não gosto que me coloquem em lugares inatingíveis: meu prazer é cantar, eu sou uma cantora brasileira”, declarou, pouco antes da poderosa Meu Disfarce. O romantismo sem amarras a fez ir de Chico Buarque (Sob Medida) até Zezé Di Camargo (É o Amor) - e a voz e desenvoltura de Fafá aproximam com naturalidade esses universos. Composições de Lulu Santos apareceram duas vezes, Sereia e Toda Forma de Amor. A chuva, que a fez tirar e colocar casacos e adereços, também impediu uma maior aproximação com a plateia.

Em vários momentos, casais no público dançaram juntinhos, “colocando um umbigo no outro”, como disse Fafá. “São 45 anos de carreira, e são 62 de idade, que parecem apenas 61”, brincou ainda a cantora. “Eu canto o que me emociona, não importa se é Chico Buarque, Reginaldo Rossi.” O público só ficou insatisfeito com a ausência de Vermelho no repertório: quando o show terminou, muita gente pediu - em vão - para que a cantora entoasse a canção.

TONI GARRIDO

Se o show de Fafá foi para o romantismos e casais dançando juntos, o do vocalista do Cidade Negra, Toni Garrido foi frenético. Se alguém esperava o ritmo constante do reggae, se surpreendeu com uma apresentação bem mais soul, dançante do começo até o fim.

Toni falou pouco. No começo do show, simplesmente disse: “Eu estou aqui para transformar a vida de vocês, pelo menos por uma noite”. Muitas vezes, sucessos do Cidade Negra e de outras bandas aparecerem em versões misturadas com outras faixas, como Let’s Dance, de Bowie, unida a À Francesa. O repertório incluiu Se Você Pensa, de Roberto Carlos, Gostava Tanto de Você e do Leme ao Pontal, de Tim Maia, Odara e Jorge de Capadócia, de Caetano Veloso, e Saidera, de Skank, além de canções da sua trajetória, como A Estrada e Amor Igual ao Teu.

Nesse clima de soul train, Toni ainda convidou algumas pessoas do público para dançarem no palco. Também ele mesmo desceu para a plateia, se mantendo dentro da área restrita para convidados para cumprimentar os fãs. No fim do show,  fez uma menção às mortes em decorrência da chuva em Pernambuco.

O Palco Mestre Dominguinhos teve mais cedo shows de Celino Melo e Claudio Rabeca. O rabequeiro pernambucano fez uma apresentação recheada de convidados, com Juliano Holanda e Lucas dos Prazeres, mostrando as músicas do disco Rabeca Brasileira. Claudio faz uma bela homenagem aos ritmos tradicionais e ao instrumento - que, não por acaso, aparecia em uma bela imagem no fundo do palco, com uma rabeca em um altar religioso.

PALCO POP

A programação, completamente pernambucana, começou cedo, com Blues For Us e André Macambira. A partir das 19h20, o cantor pernambucano Igor de Carvalho trouxe o show do seu segundo disco, Cabeça Coração. As composições são recheadas de lirismo, mesmo quando falam de desilusões amorosas, mas transposição para o palco aumenta a potência das músicas. Além de falar do dia 25 de julho como o dia fora do tempo, segundo o calendário Maia, momento de reciclagem e perdão, Igor ressaltou a necessidade de resistir e exaltou o Nordeste. Terminou o show com a faixa Absurdo Ser Normal: “Eu não me adequo ao teu modelo social/ Eu acho um absurdo ser normal”.

O Palco Pop terminou com um show de Eddie debaixo da chuva. Ao contrário das apresentações recentes, celebrando os 30 anos da banda, a banda se alternou mais entre trabalhos. Não faltaram Quando a Maré Encher e Desequilíbrio, mas a banda colocou no palco também faixas de discos mais recentes, como Dobra Esquina, do Mundo Engano (2018), Quebrou, Saiu e Foi Ser Só, de Morte e Vida (2015), e Veraneio, do disco homônimo de 2011.

*O repórter viajou a convite do evento.

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