Manezinho Araújo derramava-se em elogios a Jackson do Pandeiro em sua coluna na Revista do Rádio, tentando explicar o fenômeno Jackson: "Qual o segredo de Jackson? Qual a técnica usada para ser sucesso? O porquê do seu agrado, a atração popular dos seus discos? Tudo se resume nisto: Jackson é puramente típico. Não sofreu ainda nenhum burilado, é água da fonte, é pedra bruta e luz de carbureto. Suas melodias não passaram pela ciência dos eruditos. São originais, têm cheiro de mato, sabor de engenho, pinceladas do Nordeste brabo".
Pernambucano do Cabo de Santo Agostinho, Manezinho Araújo preparava-se para abandonar a carreira artística, e passou a coroa de "Rei da Embolada" a Jackson do Pandeiro: "Desça daí cabra da peste e venha cantar bonito em terreiro carioca, já lhe esperam de braços abertos", escreveu no final da coluna.
Mas ele foi alvo de elogios de gente que não tinha afinidades com o Nordeste, nem era de jogar confete, feito o crítico de música Sílvio Túlio Cardoso, um dos mais importante de seu tempo, que resenhava discos numa muito lida coluna em O Globo. Eis o que escreveu Cardoso sobre o lançamento de 1x1 e A Mulher do Aníbal:
"Parece que Jackson do Pandeiro vai arrebatar mesmo o trono de melhor artista regional do momento. Estes seus novos lados, gravados com o conjunto da Rádio Jornal do Commercio de Recife, possuem o mesmo entusiasmo, o ambiente movimentado e o appeal de Forró em Limoeiro. São alegres, de ritmo contagiante, e autênticos em seu espírito nordestino. Ambos estão mal gravados, não deixando-se entender a maior parte das letras de A Mulher do Aníbal e Um a Um, saboroso rojão, cujo tema é destes saborosos quovádicos jogos de futebol que se disputam no interior. No momento, os discos de Jackson do Pandeiro representam a melhor expressão da música regional nordestina, pela sua vitalidade rítmica e autenticidade de seu ambiente".
A prova definitiva da aceitação de Jackson do Pandeiro pela elite intelectual que gravitava pelas boates e restaurantes grã-finos da Zona Sul, sobretudo de Copacabana, é a presença do paraibano e sua mulher, Almira Castilho, numa noitada no Clube da Chave. O clube foi uma boate privê, fundada por Humberto Teixeira, com poucos e seletos sócios, cada qual com direito a uma chave da porta principal. Era frequentado pela nata do mundo artístico, mais escritores, jornalistas e alguns amigos que habitavam este universo. Luiz Gonzaga, embora parceiro de Humberto Teixeira, não foi admitido no clube.