Sucesso foi meteórico para o paraibano Jackson

Jackson do Pandeiro conquistou a todos quando quando radialistas, compositores, intérpretes e gravadoras digladiavam-se para emplacar sucesso
JOSÉ TELES
Publicado em 25/08/2019 às 8:15
Foto: Reprodução


Em dezembro de 1953, em plena temporada das marchinhas, quando radialistas, compositores, intérpretes e gravadoras digladiavam-se para emplacar sucesso, na revista Mundo Ilustrado lia-se uma matéria sobre os discos que estavam despontando como vitoriosos. Tratava-se da época em que mais se faturava na indústria musical. Gravadoras compravam horários nas emissoras de rádio para veicular seus suplementos carnavalescos; a chamada música de meio de ano tinha que esperar para depois da folia. Mas haviam as exceções, como comenta Borelli Filho, que assina uma página inteira sobre o cenário radiofônico na citada publicação:

“Para desespero dos cantores e autores interessados, os maiores sucessos continuam os mesmos há algumas semanas. E com o detalhe curioso de que está despontando violentamente uma gravação regional tipicamente pernambucana, em nada de acordo com a época momesca, gravada no Recife pelo Jackson do Pandeiro (prata nova da casa), e com todas as características para liderar as preferências do público por muito tempo”.

Amigo do radialista e compositor pernambucano (de Macaparana) Rosil Cavalcanti, desde quando morava em Campina Grande onde começou a vida artística como pandeirista e baterista, Jackson do Pandeiro não precisou recorrer a repertório alheio ao dar os primeiros passos como intérprete na Jornal do Commercio. Rosil lhe deu a impagável Sebastiana e o recifense Edgar Ferreira forneceu-lhe Forró em Limoeiro, o outro lado do que seria o 78 rotações que inauguraria uma extensa discografia.

Até 1955, Jackson, preso por contrato à emissora recifense, gravou no auditório da rádio, no Recife. O maestro caruaruense Clóvis Pereira, que dirigia a Orquestra Paraguary, foi testemunha dessas gravações. Aos 87 anos, o maestro mantém a memória afiada, ao relembrar de Jackson do Pandeiro: “As primeiras que ele gravou, Sebastiana e Forró em Limoeiro, eram mais populares, mas não fui eu que fiz os arranjos. Foram gravadas com o regional de Luperce Miranda: Gaúcho na sanfona, Romualdo Miranda no violão, Alcides do Cavaquinho. Tinha outro violonista que não me lembro. De uma hora pra outra, faltou um cantor e pediram pra ele cantar. Agradou. Ele já estava com 34 anos, eu era rapazola, estava com 20 anos, entrando na rádio”, lembra Clóvis Pereira.

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