Num ano muito fértil para a música pernambucana, mais um músico ligado ao coletivo Reverbo lança disco. Martins (até há pouco tempo Thiago Martins) apresenta o primeiro álbum solo, que traz seu sobrenome como título, hoje, às 20h30 com show no Teatro Luiz Mendonça. O disco, que já circula nas plataformas digitais, foi viabilizado por edital do Funcultura e está sendo distribuído com selo da carioca Deck.
Embora seja da nova cena pernambucana, Martins já tem muita estrada, e percorreu caminhos diferentes aos do álbum que está lançado. Ele também integra as bandas Marsa e Forró na Caixa, e já fez parte da Sagarana, onde aplicava seus conhecimentos das manifestações da cultura popular: “Minha primeira influência vem de Caetano Veloso, que ouvia aos 12 anos. Mais tarde, me voltei para a rabeca. Estudei com Cláudio Rabeca, ouvi muito Antônio Nóbrega, sou fã de Wilson Freire”, diz Martins. Com o Marsa, ele já começa a enveredar por caminhos diferentes, mais urbanos e pop. Embora continue com a chamada música de “raiz”, com o Forró na Caixa, com quem fez, em 2019, uma turnê de 40 dias pela Europa, tocando além de música autoral, clássicos do forró, ou de grupos feito o Mestre Ambrósio.
“Ao mesmo tempo vinha fazendo umas canções mais trabalhadas, que me abriam espaço nos festivais. Para fazer este repertório montei uma banda”, conta Martins. Por mais pop e urbano não significa que tenha feito um disco de pop/rock. A música de abertura, Me Dê, é um ijexá, com a marca que é característica do Reverbo, ênfase na melodia, e apuro nos arranjos. “Pra mim o Reverbo é um laboratório de música. Minha participação no grupo fez minha música se renovar”, elogia Martins, que foi produzido pelo maestro do Reverbo, o músico, cantor e compositor Juliano Holanda, parceiro em três faixas do álbum: Um Só Ser, Olhos Que Afagam e Vértebra por Vértebra. Esta última gravada em Paris, com arranjos da flautista argelina Amina Mezaache e produzida por Rodrigo Samico, também na produção de Queria Ter Pra Te Dar.
Outra marca do Reverbo no álbum Martins são as participações. A faixa de abertura, por exemplo, traz as vozes de Marcello Rangel e Isadora Melo. Isadora Melo volta a participar em Estranha Toada e Olhos Que Protestam. Um Só Ser (com Marcello Rangel) e em Olhos Que Afagam. Zé Manoel sócio honorário do coletivo que mora já há alguns anos em São Paulo, toca piano em Aquém de Mim. É curioso que o pop clássico, que remonta as linhas melódicas de bandas dos anos 60, ainda consegue influenciar um músico que não lista esta sonoridade entre suas influências. E ela está bem presente no quase iê-iê-iê Nossa Dança, dessas canções que continuam ressoando na cabeça depois que terminam, como quase todo o disco de Martins.
Show com Martins – Hoje, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu, Boa Viagem), às 20h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Fone: 3355-9821