Amigos de Chico Anysio falam sobre o período que ele passou no Recife

Humorista trabalhou na Rádio Clube e participou do programa Noite de black tie, da TV Jornal
Eugênia Bezerra
Publicado em 24/03/2012 às 6:00


A trajetória de Chico Anysio inclui um período no Recife, muito tempo antes de passar pela cidade com espetáculos com Eu conto, vocês cantam (em 2006 e 2010), no qual reunia música e humor; Chico.Tom (2007), em que dividia a apresentação com o também humorista cearense Tom Cavalcante; e O fofo (2000), quando contracenou com Jeison Wallace. Na década de 1950, Chico Anysio trabalhou na Rádio Clube de Pernambuco. No Recife ele deixou, além de colegas de trabalho, amigos com quem manteve contato mesmo após a mudança para o Rio de Janeiro.

Um deles é o radialista e produtor Aldemar Paiva, que trabalhou na Rádio Jornal do Commercio e TV Jornal do Commercio. "Eu vim para o Recife em 1951, para substituir Chico Anysio. Fui chamado porque ele ia para o Rio de Janeiro, estava apaixonado por Nancy Wanderley, mas tinha o contrato com a Rádio Clube de Pernambuco. Um amigo publicitário, José Renato, disse: Olhe, tem um rapaz lá em Maceió, que fundou a Rádio Difusora de Alagoas e tem condições de vir para cá no lugar de Chico Anysio, como produtor e apresentador", afirma Aldemar.

"Nós ficamos amigos, um tempo, depois ele foi para o Rio de Janeiro e quis me levar. Mas eu não quis ir, porque eu tinha uma noiva muito bonita lá em Maceió (AL), com quem me casei", continua Aldemar. "Éramos bons amigos, depois que ele foi para o Rio eu produzi e escrevi muita coisa para ele. Participei de shows que ele fez na Lagoa. Fiz um poema chamado Maria da Conceição, que ele declamava. Fiz a história do personagem Homem da Granja, um texto interessante, cheio de trocadilhos. Eu conto a história de um homem rico, que trocava as palavras", exemplifica o radialista.

O apresentador da TV Jornal do Commercio no fim da década de 1950 Luís Geraldo também trabalhou com Chico Anysio. "Conheci Chico nos anos 1960, quando tinha o programa de televisão Noite de black tie. Ele veio inúmeras vezes para participar com seus personagens e como showman que ele era. Durante todo este tempo mantivemos estreita amizade, ele nunca vinha ao Recife sem que saíssemos para comer o prato predileto dele, carne de sol", lembra o apresentador.

"Tive momentos muito lindos com Chico, na casa dele e na minha. Foi uma das pessoas que na convivência mais me deram o prazer da criatividade natural, que ele tinha. Certa vez fui com ele a Brasília levar folhetos da Escolinha do professor Raimundo. Nesta ocasião, tomava posse na Academia Marcos Vilaça. Fomos para a posse com o deputado José Mendonça e, por estarmos com ele, sentamos da ala dos deputados. Daí a pouco veio uma senhora anotando o nome dos deputados e perguntou a Chico: 'E o senhor?'. Ele respondeu: 'Eu sou Justo Verísimo'. Aí foi uma risadagem geral, todo mundo voltou a atenção para ele", afirma Luís.

Ator e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), Reinaldo Oliveira lembrou do amigo e de sua contribuição para a cultura brasileira, destacando a variedade dos personagens criados por Chico Anysio – foram 209. "Os contatos que eu fiz com ele foram sempre muito bons. Não o conheci no tempo em que ele trabalhava na Rádio Clube, mas depois que ele foi para o Rio de Janeiro e teve a projeção que manteve até hoje. Foi depois disso que nos conhecemos, sempre mantínhamos contato. Ele varou noites na minha casa algumas vezes, com meu pai, minha mãe, fazíamos noitadas maravilhosas. Ele era uma pessoa que sempre respeitou o teatro como uma fonte do trabalho dele", afirmou Reinaldo de Oliveira.

A matéria completa está no Caderno C deste sábado (24/3), no Jornal do Commercio.
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