"Eu fiz um show muito marcante. Talvez o mais inesquecível, por conta do momento. Era o lançamento do primeiro disco do Cordel do Fogo Encantado, em 2001. Tínhamos um público fiel, os ingressos se esgotaram e era uma espécie de reinauguração do Teatro do Parque (houve uma reforma no espaço, em 2000)", conta José Paes de Lira Filho, o Lirinha. Além do simbolismo do evento, a apresentação entrou para o folclore da cultura local: "Na primeira música, eu caí em um buraco que surgiu no meio do palco. Era um quadrado de 1, 80m, em que só cabia meu corpo. Simplesmente sumi do palco, mas a banda continuou tocando", relembra.
Na trajetória do Teatro do Parque, o capítulo dedicado à música é pontuado por momentos que são de fundamental importância na construção da identidade cultural da cidade. Os Projetos Seis e Meia e Pixinguinha são, certamente, dois dos grandes destaques destes exatos 100 anos que o número 81 da Rua do Hospício, na Boa Vista, completa hoje. Um centenário que não será apenas lembrado pelo período efervescente da casa, mas marcado também pelo ostracismo das portas fechadas, vazio que permanecerá até, pelo menos, novembro de 2016 - data prevista para a reabertura do espaço.
"Imagine a possibilidade de você sair do trabalho, cansado, no centro da cidade, e ainda ter a oportunidade de ir assistir a shows verdadeiramente memoráveis, como Edson Cordeiro, Chico César, Toquinho, Mundo Livre S/A, Chico Science & Nação Zumbi, Paulinho da Viola...", relembra o produtor cultural Flávio Perruci, o Maguila, da Raio Lazer, que durante aproximadamente seis anos cuidou da realização dos espetáculos que faziam parte da pauta do Seis e Meia.
Ainda no capítulo musical da cidade, a Banda Sinfônica do Recife, que tem sua sede no teatro agora centenário, ficou sem lugar certo para realizar seus ensaios. "Hoje ensaiamos ou no Teatro de Santa Isabel ou no Teatro Luiz Mendonça, depende da pauta desses espaços", conta Nenéu Liberalquino, regente da banda, que deve ganhar uma sala com acústica adaptada e com controle de ventilação ao término da anunciada e tão sonhada finalização das obras do teatro. "O Teatro do Parque é muito importante para a história da Banda Sinfônica do Recife e estamos ansiosos para retornar à nossa casa", finaliza o regente da sinfônica.