Preservar a história e disseminar produções através de registros talvez seja um dos mais importantes papéis dojornalismo. Esta tarefa difícil – que exige dedicação, muita pesquisa e muito jogo de cintura para fugir do agendamento do dia-a-dia – tem encontrado, nas páginas dos livros, cada vez mais espaço para garantir o registro e manutenção dessas histórias e seus personagens para a posterioridade. Parceria que acaba gerando um positivo processo de retroalimentação, com as obras tornando-se referência para o jornalismo, academia, crítica e da própria cadeia produtiva da música.
Em seu livro O Tecnobrega no Contexto do Novo Paradigma de Legitimação Musical, fruto de sua pesquisa de doutorado em Comunicação Social, que lança nesta quarta (16), às 19h, na Livraria Saraiva do RioMar Shopping, a jornalista Lydia Barros aborda a mudança nos critérios de validação da música periférica e do próprio mercado fonográfico a partir da análise do tecnobrega paraense. O que atraiu sua atenção para essa cena, segundo declara Lydia na introdução do livro, foi a capacidade apresentada por seus agentes de transformar a produção local em um negócio lucrativo antenado com as tendências mundiais de produção e circulação.
No livro, a pesquisadora defende que o tecnobrega – uma manifestação que carrega um estigma social, sendo classificada, muitas vezes, como de gosto duvidoso –, através da sua reconfiguração eletrônica do brega, emerge “como manifestação artística legitimada pelo establishment midiático, com status de cultura periférica digitalizada, conectada às vanguardas musicais globais”, criando um mercado paralelo totalmente autônomo e conectado com as novas lógicas de consumo e da tecnologia digital.
Personagem e pesquisador do rock pernambucano, o jornalista e músico Wilfred Gadêlha lançou no ano passado uma das raras obras dedicadas a cena metaleira do Estado: PEsado. No livro, uma mistura de biografia, pesquisa e reportagem ele apresenta o leitor aos personagens e cenários que compõem o rock pernambucano desde seus primórdios.
Ele, que revela ser um contumaz leitor de biografias e análises sobre cenas e bandas, acredita que esse tipo de pesquisa é primordial para a compreensão e divulgação da música. Principalmente quando estes trabalhos são dão voz para os agentes culturais. “Eu acho que você dar voz a cena é mais importante do que exercitar qualquer tipo de literatura sobre isso. O metal, por exemplo, tem uma bibliografia muito pobre”, diz o jornalista, que vê em seu livro um megafone para amplificar a voz dessas pessoas.
Músico e Professor de Cultura de Novas Mídias da Fundação Getúlio Vargas, Leo Morel também deixa sua contribuição para a história da música brasileira ao lançar nesta quarta (26), às 17h, na Livraria Cultura do RioMar, a biografia de um dos mais importantes blocos de rua do país: o Monobloco. O registro marca a celebração de 15 anos do grupo, e narra a sua trajetória, desde o seu surgimento até o momento atual, destacando a sua importância para a renovação do Carnaval de rua do Rio de Janeiro.
Segundo o autor, o objetivo é que os leitores possam compreender, além da história de um bloco, a organização por trás de um grupo que conseguiu sobreviver às dificuldades do meio cultural e se consolidar como um trabalho musical de projeção internacional.
Confira a matéria completa no Jornal do Commercio desta quarta-feira (26).