IL]Lenine aterrissa no Recife para fazer, amanhã, o primeiro show do álbum Carbono no Teatro Guararapes. Participa também de uma sessão de autógrafos, na Livraria Cultura, no Bairro do Recife. Talvez aproveite para dar uma esticada à Rua da Guia, para tomar o famoso maltado, como fazia quando garoto, quando a casa funcionava n’As Galerias. “Espero ir lá porque, quando vou ao Recife, meu tempo é muito curto, dá apenas para pedir a bênção à minha mãe, nem dá para encontrar os amigos”, diz Lenine, em entrevista por telefone.
O fato de ser hoje um dos artistas mais conhecidos do País, até agora não o impediu de visitar o maltado: “As pessoas chegam, mas com muita delicadeza, pela maneira com que encaro o que eu faço, pela permanência este tempo todo. Ou talvez por as pessoas perceberem que não gosto de muito arrodeio, sou um cara direto. Acho que, por isso, as pessoas vêm com muito afeto. Existe uma tecnologia do afeto aí que é muito bacana”.
A turnê Carbono estreou em abril, em São Paulo – o primeiro show coincidindo com o lançamento do disco, que completa a trilogia iniciada por Labiata, continua com Chão e encerrada com este trabalho, que surgiu enquanto ele estava viajando com o repertório de Chão: “Labiata, Chão e Carbono tiveram uma mecânica muito semelhante. Primeiro eu imagino o ambiente sonoro, depois um título. Só depois eu vou construindo um romance sonoro. No caso do Carbono, a única canção que já existia era Simples Assim – a única música do disco que não é minha, estava perdida no mar do sargaço. Aninha (mulher do cantor) me lembrou dela. A canção corroborava tudo o que eu estava experimentando com Carbono. Tudo. Desde a alotropia, a facilidade da ligação ao todo”.
Lenine adaptou-se logo ao admirável mundo novo proporcionado pela internet. Carbono foi criado praticamente diante do público, que o acompanha pelas redes sociais: “A gente promove várias ações pela internet. Antes mesmo de estrear Carbono, as músicas já estavam todas sendo cantadas, porque a turma que me segue pelas redes sociais pode acompanhar as canções sendo feitas. Quando fui estrear o show, elas já tinham uma materialidade que eu nem imaginava”.
Com o novo disco retomou também a videoaula, mais uma forma de interagir com o público: “Simples Assim foi umas das canções da videoaula, a outra foi Castanho. Comecei a fazer porque, durante muito tempo as pessoas diziam que minha música era muito difícil de cantar. Então, no meu canal do YouTube, comecei por este um processo, que é uma intimidade que eu estabeleço com as pessoas, ensinando a cantarem determinas músicas. É uma maneira das pessoas se aproximarem da canção”, diz Lenine.
Ele mantem um escritório, na Cinelândia, Centro do Rio, com uma equipe que toca as ações que envolvem sua carreira, tudo com ele à frente: “Sempre fui produtor dos meus projetos. Acho que o futuro do mercado vai ser o retorno ao ambulante. A aquela pessoa que é dona do que faz, não tem intermediário. O futuro possível para todo mundo é a vida do caixeiro viajante da música. Você produz, você é quem vende".
(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio)