O folclorista baiano Edison Carneiro constatou pela primeira vez o termo samba na imprensa, em 12 de novembro de 1842, no jornal recifense O Carapuceiro, do frei Miguel do Sacramento Lopes Gama (o Padre Carapuceiro). No entanto, convencionouse que o samba teria sua idade cronológica contada a partir da gravação de Pelo Telefone, composição de Donga e Mauro de Almeida, gravada em 1916. A mesma coisa aconteceu com o frevo, cuja data de nascimento foi oficializada como sendo em 9 de fevereiro de 1907, quando o termo apareceu na imprensa, uma descoberta do folclorista e pesquisador Evandro Rabello. Uma convenção, pois da mesma forma como o frevo já era dançado nas ruas do Recife antes 1907, músicas foram gravadas como samba anteriormente a 1916.
O compositor recifense Raul Curumila Morais, por exemplo, teve gravado em 1913, pela gravadora paulistana Phenix, o samba carnavalesco Iá Iá me Diga, lado B de um 78 rotações do gaúcho Geraldo Magalhães, da dupla Os Geraldos, que trazia no lado "A" Samba Africano (de sua autoria). Assim como Iá Iá me Diga estava mais para uma embolada, Pelo Telefone podia ser catalogado como um tango ou maxixe. Até então, o termo samba era usado nas regiões onde existiam batuques de origem africana, ou seja, praticamente o País inteiro.
Se samba é uma palavra da qual poucos duvidam que tenha origem africana, a paternidade de Pelo Telefone é cercada de controvérsias. Os bem conhecidos versos iniciais ("O chefe da polícia, pelo telefone mandou me avisar"), é certo, vieram de uma roleta que o jornal A Noite mandou colocar no Largo da Carioca, no Centro do Rio, para provar que o chefe da polícia fazia vista grossa à jogatina. O que, segundo o memorialista Jota Efegê, aconteceu em 1913. A música é um colcha de retalhos de quadrinhas bem conhecidas no Nordeste, uma criação coletiva, surgida nos sambas na casa das tias baianas. Donga e Mauro de Almeida passaram a perna em todo mundo e registraram como se deles fosse. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, Donga, numa época em que direitos autorais ainda era algo muito vago, tornou famosa a frase: "Música feito passarinho é de quem pegar"
(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio)