Legião Urbana de volta à estrada celebrando 30 anos de carreira

Dado Villa-Lobos diz que público está carente de rock and roll
JOSÉ TELES
Publicado em 24/05/2016 às 2:26
Dado Villa-Lobos diz que público está carente de rock and roll Foto: foto: divulgação


"A vida do Renato é a vida do Jim Morrison. Ele curtia o Jim Morrison. Aquelas danças que ele fazia, o jeito dele dançar, de falar com a plateia, era Jim Morrison. Não respeitava regras, mas com gravadoras ele tinha planos de fazer a coisa acontecer e dar certo. No momento em que ele virou o Jim Morrison, aí acabou, ele podia tudo, sempre tinha confusão, era The Doors, repetindo aquele modelo, acondicionado com a gasolina do punk rock". O comentário é do guitarrista Dado Villa-Lobos, da Legião Urbana, que se apresenta sexta-­feira (27), no Pavilhão do Centro de Convenções, como Legião Urbana XXX, celebrando os 30 anos do grupo, com abertura da Mundo Livre S/A.

O Renato a que se refere, obviamente, é Renato Russo (1966/1996), o vocalista e autor das letras da Legião Urbana, composta com Villa­Lobos ou com Marcelo Bonfá. A banda saiu em turnê reforçada pelo guitarrista Lucas Vasconcellos (Letuce), o baixista Mauro Berman (Cabeza de Panda e Marcelo D2) e nos teclados e programações Roberto Pollo (Cirque du Soleil) e André Frateschi, vocais, com a difícil tarefa de cantar um repertório conhecido na voz de Renato Russo. Mas ele não é um novato no Legião, conforme esclarece Dado Villa­Lobos:

"Tem esta historia incrível com o André. Quando a gente acabou de gravar o primeiro disco, nem tinha lançado, fazia turnê com a peça Feliz Ano Velho. A mãe do André, Denise del Vecchio, fazia a mãe de Marcelo Paiva na peça. Ele acompanhou a gente em Brasília, Campinas, São Paulo. Ficava no camarim com a gente, com uns 10, 12 anos. A peça acontecia e depois o Legião subia no palco. O tempo as elipses do tempo. Em 2015, 30 anos do disco, a gravadora relança o disco comemorativo, a Legião volta a tocar ao vivo, o André aparecendo, deu esta coisa louca".

A Universal Music/EMI relançou o álbum de estreia da Legião Urbana, com um disco adicional, com preciosidades que estão fazendo a alegria dos fãs de uma das mais bandas mais populares dos anos 80. Três faixas no CD bônus são especiais, não apenas para os admiradores, mas para os remanescentes da banda. A trinca de canções fez parte do teste que a LU fez em 1983 com o produtor Marcelo Sussekind. As músicas são Ainda É Cedo, Geração Coca-­Cola e a Dança. Sussekind, assim como aconteceu com tantas bandas, e tantos outros produtores antes, e depois dele, não se entusiasmou com o que ouviu daqueles desconhecidos, e pediu o boné, que ficou na mão de Rick Ferreira. Com Ferreira também não funcionou. A banda voltou para Brasília frustrada, mas não completamente desiludida:

"Se você compara as versões que estão neste disco com as versões oficiais, vai ver que ficaram diferentes, mais radiofônicas. Naquele tempo a gente era o protótipo de pós­punk. Na verdade, em nenhum momento a gente sabia o que os caras estavam querendo. Aí tivemos uma conversa bem esclarecedora com Mayrton Bahia, que foi nosso produtor a vida toda. Ele chegou pra gente quando ia embora, e disse, se calma, calma, vamos conversar que explico como as coisas funcionam. Vão pra Brasília. Eu vou chamar vocês depois pra gente fazer um disco, mas vamos com calma. Pra gente, depois daquele teste, tinha acabado. Ai veio Mayrton e colocou as coisas no lugar de novo, foi bacana", relembra o guitarrista

(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio).

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