Hayley Kiyoko e o triunfo do pop assumidamente LGBT de 'Expectations'

Cantora americana imprime uma sincera e elegante assinatura em disco de estreia
Márcio Bastos
Publicado em 01/05/2018 às 19:58
Cantora americana imprime uma sincera e elegante assinatura em disco de estreia Foto: Reprodução


Não chegamos nem à metade de 2018 e já é possível dizer que este é um dos anos mais pulsantes para a música pop produzida por LGBTs. Artistas como Mnek (Tongue), Troye Sivan (My, My, My), Cuppcake (LGBT), Years & Years (Sanctify), Janelle Monae (Dirty Computer) e a americana Hayley Kiyoko. A cantora lançou recentemente seu primeiro disco, Expectations, explorando suas vivências enquanto mulher lésbica embalada por uma fluida e sofisticada mistura de pop, electro e r&b.

Assim como Selena Gomez, Miley Cyrus e Demi Lovato e, antes delas, Britney Spears e Christina Aguilera, Hayley Kiyoko iniciou sua carreira em séries infanto-juvenis da Disney, mas foi mais precoce em tentar fugir dos moldes e da assepsia do canal. Em 2015, ela expôs sua sexualidade com a diretíssima Girls Like Girls, que fez barulho no cenário alternativo e já acumula 90 milhões de visualizações no Youtube.

A canção chamou a atenção da gravadora Atlantic, que assinou com a jovem. Ela então começou a trabalhar em Expectations e já no primeiro single, Sleepover, foi possível observar que seu retrato da sexualidade não passava pelo prisma fetichista e heteronormativo de trabalhos como I Kissed a Girl, de Katy Perry, que tratam a relação entre duas mulheres como uma brincadeira que deve ficar no armário.

A canção trata da paixão platônica da artista por uma amiga (ao que tudo indica, heterossexual) e sobre a impossibilidade de concretizar essa relação. “Estou me sentindo triste/ Mesmo quando você está ao meu lado/ Não é do jeito que eu imagino/ Você quer ser amigas para sempre?/ Posso pensar em algo melhor (...)/ Pelo menos te tenho na minha cabeça”, canta.
No clipe, ela aparece fantasiando o romance com outra mulher, ao mesmo tempo em que experiencia a solidão provocada pela não concretização de sua sexualidade.



A parceria com Kehlani, artista que também se identifica como queer, em What I Need fala sobre a dificuldade do interesse amoroso em assumir a relação diante da sociedade. “Quanto estamos sozinhas, garota, você quer me possuir/ Quando estamos com sua família você não ser demonstrar/ Quer nos manter na surdina”.

DIRETA

No synth-pop Curious ela encontra uma ex que deu um sumiço e agora está se relacionando com um homem. “Você disse que me queria/ Mas agora está dormindo com ele/ (...) Só estou curiosa/ Isso é sério?”, questiona. A rejeição é tema também de He’ll Never Love You (HNLY). Na ótima Feelings, Hayley revela sua ansiedade e dificuldade de se sentir parte do entorno e a necessidade de sentir amada. “Eu falo muito e sinto demais”, confessa.



Ao se colocar em um lugar de vulnerabilidade, Hayley Kiyoko cria um trabalho que fala diretamente aos desejos e medos de LGTBs, mas que, como fazem as boas obras que falam sobre sentimentos, dialoga com a universalidade.

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