Adeus a José Pimentel, sepultado com roupa de Jesus, teve fogos e escola de samba

Corpo do ator e diretor foi levado no carro dos Bombeiros para o Cemitério de Santo Amaro
JC Online
Publicado em 15/08/2018 às 14:38
Foto: Foto: Sérgio Bernardo


Ao longo de sua trajetória artística, José Pimentel deixou um vasto legado para as artes cênicas, com espetáculos de grande escala, como a Paixão de Cristo do Recife e O Massacre de Angico - A Morte de Lampião, em Serra Talhada. Mas, para além das realizações palpáveis, o diretor, falecido terça-feira (14), também marcou familiares, amigos e fãs com sua personalidade forte e enérgica. Essa verve festiva e celebrativa de Pimentel ficou evidente nas homenagens que ele recebeu, nesta quarta-feira (15), no seu sepultamento.

Velado desde a tarde de terça-feira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o corpo do ator e diretor foi transferido para o Cemitério de Santo Amaro por volta das 9h, em um carro do Corpo de Bombeiros. Na capela do cemitério, Tia Zeza D'Oya deu início às celebrações do legado de Pimentel, seguida pelo padre João Carlos Santana da Costa, da Comunidade Arcanjos, no Arruda. O sincretismo religioso, como reforçaram muitos dos presentes, fazia parte da essência de Pimentel, que, no entanto, não se dizia adepto de nenhum credo específico.

"Pimentel foi um exemplo de um cidadão de 84 anos que produziu, esteve no mercado de trabalho, até o fim. Deixamos os idosos muito à parte da sociedade. Para nós, José Pimentel será sempre jovem, porque o artista é atemporal", disse o padre. "Muita gente me perguntava se Pimentel era religioso. Bem, ele montou uma peça para mostrar ao povo quem é Jesus Cristo e, assim, fez mais do que muita gente que vai todo domingo à Igreja".

Após a fala do religioso, todos cantaram Jesus Cristo, clássico de Roberto Carlos, e aplaudiram com ênfase. A família abriu ainda o microfone para que amigos e admiradores dessem depoimentos sobre o artista. A emoção tomou conta de todos, mas eram constantemente reverenciadas a ética de trabalho de Pimentel, sua generosidade e bom humor.

O ÚLTIMO ADEUS

A bateria da Escola Gigantes do Samba também foi prestar sua homenagem a José Pimentel. Escola do coração do ator e diretor, o coletivo o homenageou em 2004, com o samba enredo O Homem das Paixões.

"Estou tranquila porque sei que ele está alegre, bem. Porque este é José Pimentel: não é triste, não se abate. Por isso, a gente vai continuar o legado dele", afirmou a filha do diretor, Lilian Pimentel. 

O corpo ode Pimentel foi enterrado por volta das 11h. Fãs jogaram rosas e também foram soltos fogos de artifício. Muitos aplausos celebraram a passagem de um dos ícones do teatro pernambucano.

Foto: Sérgio Bernardo
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