Para a Tribo Indígena Carijós do Recife, o título de Patrimônio Vivo tem sentido especial de homenagem e renascimento. No final do ano passado, a agremiação centenária perdeu seu presidente Jefferson Nagô, que morreu precocemente aos 29 anos. Antes de partir, pediu que não deixassem o grupo de caboclinho morrer. Hoje o Carijós vai receber os convidados da cerimônia na porta do Santa Isabel. O grupo confeccionou até fantasias novas para a celebração.
“Carijós foi fundado em 1897 e não é fácil para qualquer manifestação no Brasil ultrapassar 100 anos. Isso acontece graças ao trabalho e amor de cada um de nós. Haja persistência e resistência para alcançar 122 anos como nós. E ainda sim teve um período de 11 anos, depois de 1987, que ficamos sem desfilar”, conta o vice-presidente Clóvis de Oxum. A bolsa de R$ 1,6 mil vai ajudar a custear as despesas. “No último Carnaval gastamos R$ 90 mil para colocar Carijós na rua. As penas e plumas que usamos nas fantasias são caras”, destaca.
Caboclinho mais antigo em atividade no Recife, o Carijós tem na religiosidade um dos trunfos da longevidade da tradição. O grupo está ligado ao culto da Jurema Sagrada, sincretizada com religiões de matriz africana. Na sede, as imagens dos caboclos ficam guardados numa sala reservada e as paredes são pintadas com imagens de orixás. Hoje, Carijós promete festa emocionada e colorida.