O encontro com o Rei do Baião foi marcado em frente ao Hospital Agamenon Magalhães de Serra Talhada (Sertão), numa tarde de maio de 1979. Sob o sol do meio dia, Mestre Aprígio e Luiz Gonzaga se acomodaram debaixo de uma figueira. Ali mesmo, o mestre do couro sacou uma fita métrica para tirar as medidas do conterrâneo de Exu. A missão era “aprontar” uma roupa pra ele usar nos shows. Gonzagão estava cansado de ver os artesãos se repetindo nas suas criações e decidiu apostar no mestre. Num pacote, trouxe do Rio de Janeiro o couro que queria usar nas peças.
“Meu sobrinho Josseí conhecia Luiz Gonzaga e fez a ponte entre nós. Fiquei muito feliz com a encomenda e já tinha 15 anos de trabalho, mas fiquei 14 dias estudando o molde antes de cortar o couro, com medo de botar a peça a perder”, conta Mestre Aprígio, lembrando que fez a indumentária completa: gibão, calça, sapato e chapéu.
Depois dessa encomenda, o mestre fez mais de 50 peças para Luiz Gonzaga que visitava seu ateliê, tomava cafezinho e apresentava seu trabalho Brasil afora. O interesse pelo couro veio da convivência com os vaqueiros que frequentavam as fazendas que os pais agropecuaristas frequentavam. Quando tinha 15 anos comprou uma faca, um esmeril, um compasso e foi fazendo as primeiras peças. Hoje, o legado do couro já está na terceira geração da família Lopes. “Meus filhos achavam bonito e começaram a tentar fazer, mas eu era exigente. Dizia que tava bom, mas precisava melhorar e eles foram se aperfeiçoando”, lembra.