Nas escolas, as oficinas de brinquedo popular com crianças sempre terminam com palmas e gritos entusiasmados de “Mestre Saúba! Mestre Saúba!” Expert nessa arte, o artesão adora mostrar à garotada o truque de terminar a fazer o Mané Gostoso (boneco que tem pernas e braços movimentados por cordas) de olhos fechados. “Não tem nada mais lindo do que trabalhar com criança. Eu tenho 66 anos, mas me sinto criança também quando estou no meio delas”, diz, sorrindo.
Filho de trabalhadores rurais, José Antônio da Silva ganhou o apelido inspirado na formiga saúva, porque ficava muito vermelho quando se expunha ao sol. Nascido em Pombos veio tentar a vida no Grande Recife e conheceu a esposa, Maria do Socorro, em Jaboatão dos Guararapes. “Foi essa cigana sertaneja lá das bandas de São José do Egito quem me ensinou a fazer os brinquedos. Uma vez fomos numa feira em Casa Amarela e ela cismou de comprar 25 ratinhos. Vendemos a maior parte e ficamos com três.
Ela me mandou comprar um quilo de cimento no armazém fez uma massa e colocou dentro do bicho para fazer um molde. A partir daí começamos a fazer e vender. Depois fomos aperfeiçoando e a forma hoje é de madeira”, conta. Depois, a natureza andarilha da cigana fez com que ela quisesse ir embora para São Paulo e Saúba não quis acompanhar. O mestre comemora o título de Patrimônio Vivo dizendo que terá recurso garantido para comprar o material para continuar criando, junto com o irmão Cocota, suas borboletas, ratos, rói-rói e mané-gostoso, que lhe acompanham há 45 anos.