Márcio Bastos
Publicado em 24/02/2020 às 3:03
Rec-Beat 2020: pluralidade da música eletrônica deu o tom do domingo (23)
Festival reuniu atrações nacionais, como Josyara e Jup do Bairro, e internacionais
A segunda noite do Rec-Beat 2020, domingo (23), foi marcada pelas experimentações com música eletrônica em suas mais variadas vertentes. O espaço montado no Cais da Alfândega, ao lado do rio Capibaribe, reuniu mais uma vez uma multidão, que se jogou ao som de artistas nacionais, como Josyara e Bad do Bairro, e também do duo marroquino N3rdistan.
Ao contrário do que aconteceu na abertura desta edição, os shows de domingo começaram pontualmente com discotecagem da DJ Nadedja, que retornou ao longo da noite para colocar som durante os intervalos. Logo em seguida, quem se apresentou foi a cantora e compositora Nina Oliveira. Ela cantou músicas de seu disco ainda inédito, a exemplo de Disque Denúncia, parceria com Gabi da Pele Preta.
Nascida em Juazeiro, na Bahia, Josyara foi outro destaque do Rec-Beat, com um show que conseguiu soar intimista e ao mesmo tempo universal. A artista entoou canções do seu segundo disco, Mansa Fúria, e criou camadas sonoras instigantes que mesclavam MPB com elementos eletrônicos. No repertório, além da faixa-título do álbum, estavam canções como Fogueira e Terra Seca.
Formado pelas artistas Bad Sista e Jup do Bairro, o projeto Bad do Bairro levou um som politizado e irreverente para o Rec-Beat 2020. Jup, em uma performance poderosa, colocou a questão da visibilidade trans e de corpos não normativos. As artistas apresentaram canções calcadas na música eletrônica, letras que tensionavam o prazer, a diversão, a resistência e as experiências de mulheres trans contra os mais variados tipos de opressão. No público, muitos LGBT, reforçando a urgência de representatividade e de ampliação dos discursos.
Do Marrocos, o duo N3rdistan conquistou o público recifense com um repertório de música eletrônica fundida a referências da cultura árabe, desde a literatura, com poemas do século 19 e contemporâneos, até elementos musicais. O cantor, produtor e compositor Walead Ben Selim e a cantora Widad Broco entregaram uma apresentação enérgica e buscaram a todo momento interagir com a plateia, arriscando palavras em português. A presença da dupla no Rec-Beat reforçou a missão do festival de ampliar o repertório musical de quem o frequenta, apresentando artistas que estão fora do radar do circuito tradicional.
Omulu, um dos DJs e produtores mais influentes do país, encerrou a noite. Ele que já havia tocado no festival em 2015, iniciou sua apresentação em grande estilo: tocou "Passinho do Ameno", de Schevchenko e Elloco, para delírio da multidão presente. É interessante ressaltar que a dupla recifense tocou no Rec-Beat no ano passado, abrindo um espaço importante para o brega-funk, naquele momento ainda em ascensão na grande mídia. Omulu fez um set que passeou ainda por remixes de artistas como Duda Beat, Mariah Carey, Rihanna, Pabllo Vittar e ritmos como o forró, o brega, entre outros.
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