São Paulo Fashion Week quer levantar o ânimo dos brasileiros

O São Paulo Fashion Week pretende também abrir o debate nas redes sociais sobre o que é a beleza brasileira
Paula Ramon/ AFP
Publicado em 29/08/2017 às 18:15
O São Paulo Fashion Week pretende também abrir o debate nas redes sociais sobre o que é a beleza brasileira Foto: (Foto: Nelson Almeida / AFP / CP)


A tradição brasileira manda pular sente ondinhas no mar para atrair a boa sorte no Ano Novo. Com sua moda de praia, a São Paulo Fashion Week, que começou no domingo, também recorre ao mar para espantar a crise.

A 44ª edição do evento aproveita os palcos de São Paulo para mostrar suas apostas do verão, a estação em que mais se destaca o design de moda do país, atualmente afetado pela recessão, os escândalos de corrupção e a violência.

"O Brasil vive um momento delicado, contaminado por uma série de notícias negativas que acabam criando um quadro polarizado (...) Mas o Brasil não é isso, é um país de uma riqueza e diversidade sem iguais, não podemos sentir vergonha do Brasil", afirmou Paulo Borges, diretor criativo da SPFW, ao explicar o lema "Amo Moda, Amo Brasil", adotado nesta edição. 

O evento começou no fim de semana com um desfile da Iódice, no recém-inaugurado hotel Palácio Tangará. Com cores fortes, a marca mostrou figuras geométricas, silhuetas ajustadas, algumas estampas de flores, zíperes e muitas franjas na sua coleção "Tropical Art".

No sábado, a dupla Alexandre Herchcovitch-Fábio Sousa utilizou o Teatro Municipal como palco para apresentar as novidades de À La Garçonne: um visual eclético que deixou pouca pele à mostra e se valeu de estampas floridas, militares e animais. Uma variedade de calças, bodies e jaquetas em tecidos brilhantes completaram o desfile.

"Vamos de roupas bem 'street' até de festa para inverter os valores e não ter um tipo de ditadura para a moda", afirmou no sábado Herchcovitch, cuja carreira cresceu entrelaçada com a SPFW. 

Nesta segunda-feira, a proposta praieira de Vix Paula Hermanny abrangeu seus tradicionais tons turquesa, vermelho, laranja, branco e preto. Biquínis e maiôs, em sua maioria monocromáticos, cobertos com vestidos e calças de estampas simples.

Outro destaque do primeiro dia na Fundação Bienal, no Parque Ibirapuera, foi a nova coleção de Paula Raia, que privilegiou os tons pastel e um estilismo etéreo, enquanto a Osklen apresentou um desfile inspirado na obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), criadora nos anos 1920 do Movimento Antropofágico nas artes plásticas.

 - Para todas as idades -

Participantes tradicionais como Helô Rocha, Animale, Gloria Coelho e Ronaldo Fraga são, como sempre, aguardados. Fraga, cujos desfiles nunca passam despercebidos, estreará com uma coleção dedicada inteiramente à praia. 

O estilista de Minas Gerais, que dedicou suas últimas apresentações na SPFW aos refugiados e à transfobia, apresentará uma passarela mais descontraída. Sua proposta estará adornada com óculos da Moon e sapatos Nuushoes.

Gloria Coelho prometeu um desfile com modelos de idades variadas para se enquadrar na tendência, cada vez mais presente, de que a moda não tem nem idade, nem tamanho único. 

As convidadas internacionais são a russa Maria Kazakova, de Jahnkoy, com um desfile esportivo que retrata um choque de culturas, e a brasileira residente na Austrália Vanessa Moe, que traz "Circles", coleção criada em colaboração com indígenas da Oceania. 

A marca de cosméticos Natura assumirá o encerramento da SPFW, na sexta-feira, com o slogan #TodaBelezaPodeSer, e mostrará uma linha desenvolvida durante esta mesma semana com o apoio de talentos locais. 

 - 'Beleza brasileira' -

A aposta da Natura é abrir o debate nas redes sociais sobre o que é a beleza brasileira. "Queremos realizar um movimento em sentido contrário: levar a moda das ruas às passarelas", comentou à AFP Fernanda Paiva, gerente de marketing da marca. 

Paiva explicou que será montada uma cartografia sobre os critérios de beleza no Brasil graças à colaboração dos internautas, que se materializará na coleção que será revelada na noite de quinta-feira. 

Este é o primeiro ano da SPFW adaptada à lógica do "Veja agora, compre agora", que minimiza os tempos entre os desfiles e a venda, de modo que os fashionistas não terão que esperar seis meses para vestir as peças de que gostarem.

Em momentos de tensão política e econômica, os organizadores apostaram em incorporar ao calendário de desfiles palestras sobre inovação com empreendedores nacionais, assim como amostras do talento brasileiro na gastronomia, música e arte.

Paralelamente à festa concebida por Paulo Borges há mais de duas décadas, alguns estilistas menos conhecidos na cidade lançaram neste fim de semana um evento só para tamanhos maiores. 

Apesar de as estatísticas mostrarem que mais da metade da população brasileira está acima do peso, o evento não pretende competir com a SPFW, mas diversificar. 

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