Intercâmbio não é só nos EUA

Com a alta do dólar, é bom ficar atento a outros destinos para estudar e trabalhar
Talita Barbosa
Publicado em 23/03/2015 às 13:40
Com a alta do dólar, é bom ficar atento a outros destinos para estudar e trabalhar Foto: Foto: Dreams Intercâmbios/Divulgação


Os Estados Unidos sempre foram o destino preferido dos intercambistas. Entretanto, a alta do dólar fez com que muitos estudantes mudassem de destino, e trocassem os países que usam como referência a moeda norte-americana por lugares como a França, Nova Zelândia ou Austrália.

Estudar no exterior não é mais um luxo. De acordo com a Associação das Agências de Intercâmbio, o número de brasileiros que deixou o País para estudar no exterior cresceu 600% em dez anos.

Seja pela moeda mais barata em relação ao dólar americano, ou pelos subsídios oferecidos pelos governos ou instituições de ensino, explorar novos destinos têm sido a opção mais viável para os estudantes brasileiros. Em 2014, 234 mil brasileiros desembarcaram em território estrangeiro para realizar cursos de todos os níveis, movimentando US$ 1,5 bilhão na economia.

A perspectiva para este ano é que os destinos mudem, assim como as prioridades na escolha do país do intercâmbio. “A procura por países que não utilizam o dólar americano cresceu bastante, aumentando principalmente a demanda para países europeus, como a Irlanda, por exemplo, que também é de língua inglesa e oferece pacotes de estudo e trabalho”, conta Gian Cintra, diretor da  Dreams Intercâmbios.

Segundo ele, é possível que o estudante aprenda inglês e fuja da valorização da moeda americana caso opte por destinos com um custo de vida inferior ao dos Estados Unidos. “Destinos menos famosos, como a República de Malta, no sul da Europa, ou a Cidade do Cabo, no sul na África do Sul, são boas opções porque também têm o inglês como um dos idiomas oficiais e neles o custo de vida é bem inferior se compararmos com os principais destinos de língua inglesa”, comenta.

Em 2014, 234 mil brasileiros desembarcaram em território estrangeiro para realizar cursos de todos os níveis, movimentando US$ 1,5 bilhão na economia.

Esse cenário também não é problema para os estudantes cujo destino é o continente europeu. Mesmo caro se comparado ao real, o valor do euro não é mais tão superior ao do dólar, o que gera oportunidades para cursos em países como a França, destino muito procurado devido à gratuidade do ensino superior. “Os alunos que conseguem bolsas de estudo na França têm cobertura da maior parte de suas despesas anuais. Em relação à moradia, o país oferece uma ajuda de custo, a qual todos os universitários tem direito, independentemente de serem franceses ou estrangeiros. Além disso, o Estado também cobre a maior parte dos custos com transporte e assistência médica estudantil, visto que todos os estudantes menores de 28 anos podem se inscrever na cobertura social francesa”, esclarece Junior Vieira, gerente de Comunicação da Campus France Brasil.

De acordo com o instituto, no período de 2013-2014, 5.148 estudantes brasileiros foram estudar na França, o que representa um crescimento de aproximadamente 20% em relação ao levantamento anterior. O professor Nyeberth Emanuel é um desses brasileiros que decidiram se formar nas universidades francesas.

Segundo ele, as assistências oferecidas pelo governo e a excelência das instituições de ensino da França lhe proporcionaram uma rica formação acadêmica, pessoal e profissional. “ O ensino de lá é realmente muito bom. As salas são bem equipadas, o material didático é diferenciado e feito pelos próprios professores, que são muito competentes. Além disso, o enriquecimento cultural foi maravilhoso e o que o governo oferece é o suficiente para se manter lá”, relata ele, que agora é professor de língua e literatura francesa.

 

Planejar a viagem é fundamental

O dólar subiu, mas isso não impede um intercâmbio já agendado ou o sonho de estudar em países como os Estados Unidos. Nesse caso, leva vantagem quem planeja a viagem com antecedência e pesquisa amplamente sobre a cidade na qual vai estudar.

“Para os estudantes que já pagaram o pacote para os Estados Unidos, o melhor a fazer agora é economizar no país norte-americano. O primeiro passo é pesquisar mais sobre a cidade e ver qual a melhor forma de poupar os dólares, já que as coisas que mais encarecem a rotina do estudante é a acomodação e o transporte público”, conta Gian Cintra, da Dreams Intercâmbios.

Segundo ele, a adoção de pequenas medidas, como dividir um quarto com um colega ou comprar a comida no supermercado, ao invés de comer em fast-foods, ajuda muito a baratear o intercâmbio.

A procura por países que não utilizam o dólar americano cresceu bastante, aumentando principalmente a demanda para países europeus, como a Irlanda, por exemplo, que também é de língua inglesa e oferece pacotes de estudo e trabalho.

Gian Cintra, diretor da Dreams Intercâmbios

“Dividir um quarto já pode reduzir em até 50% o valor da acomodação. Já se o estudante fizer compras no supermercado, também é possível economizar bastante. Para se ter uma ideia, é possível comprar uma comida congelada no supermercado por US$ 1, enquanto comer em um restaurante ou fast-food pode custar de US$ 6 a US$ 20”, relata Cintra.

Para não desistir do sonho, fugir do cartão de crédito também é uma regra primordial. Com o dólar em alta, oscilante, fechar a compra e esperar a fatura chegar pode resultar em uma surpresa desagradável no final do mês. Nesse caso, o ideal é pagar à vista. Comparar as taxas e cotações cobradas por bancos e casas de câmbio também pode ajudar, já que os valores podem variar entre elas.

Além dessas medidas, é preciso consultar o orçamento e analisar se aquelas compras de roupas e eletrônicos geralmente feitas em terras norte-americanas é possível. O estudante que ambiciona um intercâmbio para crescer profissionalmente não pode transformar a oportunidade apenas em uma dívida imensa.

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