O dólar fechou com alta a R$ 3,07 nesta sexta-feira (10) após dois dias consecutivos de queda. De acordo com analistas, o câmbio brasileiro acompanhou o mercado internacional.
De 24 moedas emergentes monitoradas pela agência internacional Bloomberg, o dólar subia em relação a 16. O real foi a segunda moeda emergente que mais se desvalorizou em relação ao dólar (-1,19%), logo após o rublo russo (-2,40%).
A moeda americana chegou a atingir R$ 3,095 no início dos negócios desta sexta, mas registrou uma valorização menor ao longo do dia. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com alta de 1,20%, a R$ 3,080. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subiu 0,03%, a R$ 3,072.
BOLSA
O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subiu 0,76%, para 54.214 pontos, ainda amparada pela valorização nas ações da Petrobras. As ações preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, subiram 2,42%, a R$ 11,84. Os papéis ordinários, com direito a voto, registraram alta de 2,51%, para R$ 11,83
"Como já era previsto, as ações da Petrobras tiveram uma trajetória de alta nesta sexta. Esse pode ser um crédito de confiança dos investidores para a divulgação do balanço de 2014 da estatal, que está marcada para os próximos dias", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.
A petroleira quer apresentar seus demonstrativos financeiros até 20 de abril e, assim, colocar um ponto final na novela que se arrasta desde 31 de outubro de 2014, quando a PwC se recusou a assinar o resultado do terceiro trimestre de 2014, porque altos executivos que assinariam a prestação de informações ficaram sob suspeita.
A Folha de S.Paulo informou nesta sexta (10) que a Petrobras estima que o cálculo de perdas com o esquema de corrupção na estatal ficará entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. A conta atinge todos os contratos e aditivos firmados com as empresas citadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal e deve constar do balanço de 2014.
QUEDA NA VALE
Os contratos futuros de minério de ferro chegaram a cair quase 4% nesta sexta-feira, atingindo uma mínima recorde. As siderúrgicas na China, maior produtor de aço do mundo, compraram um mínimo de matéria-prima na expectativa de novas quedas nos preços, devido a demanda moderada de aço na China, expandindo o excesso de oferta.
Com isso, os papéis da Vale apresentaram queda nesta sexta. As ações preferenciais registraram baixa de 1,09%, a R$ 15,40, e as ordinárias caíram 2,07%, chegando a R$ 18,41.
CENÁRIO INTERNO
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, continua levando confiança aos investidores com as negociações para os ajustes fiscais.
Nesta sexta (10), terminou sem acordo a reunião entre governo federal e Estados para tentar fechar a reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Houve, no entanto, redução no número de secretários da Fazenda que são contra o convênio que prevê mudanças de alíquotas.
Ainda assim, o cenário político continua "acalmando" o mercado, de acordo com o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
"Os investidores continuam acompanhando as negociações entre governo e Congresso na tentativa de aprovar os ajustes fiscais. Ontem [quinta], com o anúncio da Fitch de que poderia rebaixar a nota do país, esse entusiasmo ficou um pouco mais contido", afirma.
FMI
Além disso, Levy participará da reunião de Primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, na próxima quinta (16), e afirmou que levará a mensagem de que está trabalhando para dar mais estabilidade à economia brasileira e quer abrir mais espaço para o investidor privado.
Diante de um cenário de aperto fiscal, em que os subsídios do BNDES estão mais escassos, o desafio do ministro será convencer investidores estrangeiros de que os projetos brasileiros são atrativos e seguros.
Em nota divulgada nesta sexta (10), o FMI avaliou que a implementação das medidas de austeridade anunciadas pelo governo brasileiro deve ajudar a recuperar a confiança e impulsionar o crescimento e o investimento no momento adequado no país.
O relatório, com as conclusões de consultas sob o Artigo IV com o Brasil, estima queda de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015, com as políticas fiscal e monetária mais restritas e os cortes de investimento da Petrobras piorando o cenário de atividade fraca que vem desde o ano passado.