Os países do Mercosul que negociam um acordo comercial e a União Europeia (UE) têm que ceder se quiserem selar um acordo comercial, estimou nesta terça-feira a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcenas.
"Dos dois lados é preciso ceder", disse Bárcenas em uma entrevista à AFP em Bruxelas antes da cúpula de quarta e quinta-feira entre a Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac) e a UE.
A secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) declarou que basicamente o principal obstáculo para concluir um acordo é o tema agrícola.
"A UE não deixa passar", disse, apontando que o bloco europeu "não é uma economia aberta" e que o que são assinados não são tratados de livre comércio, já que "há um monte de condições", mas de "associação estratégica".
Cita como exemplo as exportações de cacau do Equador, que acaba de selar um acordo com a UE para se incorporar ao Acordo Comercial Multipartes que Colômbia e Peru já assinaram com a Europa.
As exportações desta matéria prima ingressam sem impostos na UE, mas quando se trata do produto elaborado a taxa chega a 15%, disse, estimando que estes acordos são benéficos para a região se levarem à incorporação de valor agregado à produção regional.
"O que interessa à UE é penetrar nos mercados do Mercosul com seus serviços, suas empresas, baixos impostos. Mas do lado de cá têm que ceder", estimou.
A região coberta pela Cepal deve, acrescentou, "diversificar sua estrutura produtiva, articular cadeias produtivas de valor dentro da região" através de maior integração.