Dólar devolve reação inicial com rebaixamento e fecha em queda

O dólar perdeu força não somente em relação ao real, mas também sobre outras moedas importantes no mundo
Da Folhapress
Publicado em 15/10/2015 às 18:48
O dólar perdeu força não somente em relação ao real, mas também sobre outras moedas importantes no mundo Foto: Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil


O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de risco Fitch não foi suficiente para que o dólar fechasse em alta nesta quinta-feira (15). A medida, que era amplamente esperada pelo mercado, foi ofuscada pela perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos apenas em 2016, o que reduz a pressão sobre o câmbio.

O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, fechou em queda de 0,26%, para R$ 3,803 na venda. A moeda, no entanto, chegou a subir 1,7% logo após o anúncio da Fitch, para a máxima de R$ 3,878. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou a sessão com baixa de 0,53%, para R$ 3,820, depois de ter subido cerca de 1% com o reflexo inicial do rebaixamento.

A Fitch cortou a nota de crédito do Brasil de 'BBB' para 'BBB-' e colocou o rating sob perspectiva negativa. Apesar do corte, o país manteve o grau de investimento -selo de bom pagador— na escala da agência.

Em nota, a Fitch afirmou que o rebaixamento reflete o maior endividamento do governo, além do aumento dos desafios para a consolidação fiscal e a piora da perspectiva de crescimento econômico.

O economista Alberto Ramos, do banco americano Goldman Sachs, avaliou que a decisão da Fitch não foi uma surpresa ante a deterioração dos fundamentos do Brasil. Segundo ele, as limitações fiscais e incertezas políticas no país "reduzem a probabilidade de uma virada significativa na confiança e na performance macroeconômica no curto prazo".

"A dívida pública deve exceder 70% do PIB em 2016 e continuar a subir até pelo menos 2018. Isso eleva o risco de que a Fitch ou a Moody's rebaixem novamente a nota de crédito do país no ano que vem", afirmou.

O dólar perdeu força não somente em relação ao real, mas também sobre outras moedas importantes no mundo. O movimento refletiu a perspectiva de que o Federal Reserve (banco central americano) deverá começar a subir os juros naquele país apenas em 2016, retardando uma fuga de investimentos de países emergentes, como o Brasil.

Dados mistos divulgados nos EUA nesta sessão corroboraram esta perspectiva. Embora os preços ao consumidor tenham registrado a maior queda em oito meses em setembro, os pedidos de auxílio-desemprego caíram na última semana.

Os juros futuros nos EUA mostram chance de 6% de aumento da taxa de juros americana neste mês, enquanto a probabilidade de isso acontecer em dezembro está em 30,4% e em março de 2016 em 54,5%.

Assim, o dólar recuou sobre 17 das 24 principais moedas emergentes do mundo. Entre as dez divisas mais importantes do globo, o dólar perdeu para seis, como o iene e a libra.

Também houve alívio no mercado de juros futuros da BM&FBovespa, onde os contratos tiveram queda nesta sessão. O DI para janeiro de 2016 recuou de 14,350% para 14,285%, enquanto o DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,680%, ante 15,940% na véspera.

AÇÕES EM ALTA

O principal índice da Bolsa brasileira registrou instabilidade nesta quinta-feira, mas fechou em alta, acompanhando o bom desempenho dos mercados acionários no exterior. O Ibovespa subiu 0,96%, para 47.161 pontos.

O volume financeiro foi de R$ 15,770 bilhões —acima da média diária do mês, de R$ 7,4 bilhões. O montante foi inflado pela oferta de fechamento de capital da Souza Cruz. No exterior, as Bolsas europeias e americanas tiveram ganhos de mais de 1%.

As ações preferenciais de Petrobras e Vale, mais negociadas e sem direito a voto, ajudaram no desempenho positivo do Ibovespa. Esses papéis ganharam 0,50% e 1,65%, respectivamente. Já as ações ordinárias dessas companhias, com direito a voto, subiram 1,05% e 1,44%, nesta ordem.

O setor bancário limitou a alta do Ibovespa. Este é o setor com maior peso dentro do índice. O Itaú teve desvalorização de 1,66%, enquanto o Bradesco perdeu 0,35% e o Banco do Brasil, 1,43%.

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