Nafta estimulou comércio, mas agravou desigualdades

Renegociações do tratado vão começar nesta quarta (16), em Washington
AFP
Publicado em 14/08/2017 às 18:58
Renegociações do tratado vão começar nesta quarta (16), em Washington Foto: Foto: Google Maps


O Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), cuja renegociação vai começar nesta quarta-feira (16), em Washington, impulsionou o intercâmbio comercial entre Estados Unidos, México e Canadá, mas acentuou as desigualdades entre os países.

O que é o Nafta?

O Nafta, em vigor desde 1º de janeiro de 1994, é uma vasta zona de livre-comércio de 478 milhões de habitantes integrada por Estados Unidos, México e Canadá. 

O acordo, precedido em 1989 por um tratado de livre-comércio entre Canadá e Estados Unidos, retirou gradualmente a maioria dos impostos a bens de origem certificada. Ele também eliminou as barreiras para investimentos, permitindo que empresas se instalassem com mais facilidade nos outros países. 

Recentemente, em 2008, foram eliminados completamente os últimos impostos aduaneiros, ainda que alguns existam exceções, como a madeira, fonte recorrente de conflitos entre Canadá e EUA. 

Nafta em cifras

Com a eliminação dos impostos, o comércio agravou os desequilíbrios entre México e Estados Unidos. Os três membros do bloco tiveram a vantagem de ter maiores volumes de exportação e de criação de empregos. 

Nos primeiros 15 anos do acordo, foram criados cerca de 40 milhões de empregos, 25 milhões nos Estados Unidos, segundo dados do grupo. 

Entre 1993 e 2016, as exportações do México aos Estados Unidos aumentaram mais de sete vezes. As do Canadá, ao menos três. 

A balança comercial dos Estados Unidos com o México passou de um superávit de 1,6 bilhão de dólares antes do Nafta para um déficit de mais de 64 bilhões, segundo dados oficiais americanos.

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do México, que envia ao vizinho cerca de 80% de suas exportações, sobretudo bens manufaturados e produtos agrícolas. 

O Canadá é, por sua vez, o maior cliente e provedor de energia dos Estados Unidos. O comércio entre os dois países se duplicou com este acordo.

Segundo cifras americanas, em 2016, o comércio entre Estados Unidos e Canadá chegou a 635 bilhões de dólares.

O Canadá compra mais produtos dos Estados Unidos que do conjunto de China, Japão e Reino Unido (267 bilhões de dólares contra 234 bilhões).

Em 2016, as importações americanas de bens canadenses chegaram a 313 bilhões de dólares. O excedente comercial de bens e serviços dos Estados Unidos com o Canadá foi de 8 bilhões. 

Os Estados Unidos são também o principal investidor no Canadá (com metade de todos os investimentos em 2015). Cerca de 9 milhões de empregos americanos dependem do comércio e do investimento com o Canadá. 

EUA e Canadá ainda mais ricos

O México conseguiu criar vagas de emprego com o Nafta e receber grande quantidade de empresas americanas e canadenses, como as automobilísticas e aeronáuticas, mas sua riqueza cresceu mais lentamente que a de seus sócios.

O produto interno bruto per capita do México se multiplicou por 1,6 entre 1993 e 2015, segundo o Banco Mundial. Contudo, esse indicador de crescimento mais que duplicou nos seus dois companheiros de bloco. 

Com um PIB per capita de cerca de 9 mil dólares em 2015, o México segue muito atrás de Canadá (43,3 mil) e Estados Unidos (56,115 mil).

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