O setor do algodão avalia que o acordo assinado nesta quarta-feira (1º) entre Brasil e Estados Unidos foi o possível para contornar a resistência do governo norte-americano em cumprir a determinação da Organização Mundial de Comércio (OMC) de redução de subsídios dados a cotonicultores. "Nós, produtores de algodão, não queremos ser empecilho para as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos", disse hoje ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso. Segundo ele, o que os produtores esperavam era que o governo dos EUA retirasse os subsídios. "Como isso não aconteceu, chegamos a essa decisão, alinhados com o governo brasileiro", afirmou.
Pinesso disse que cotonicultores brasileiros entenderam que os americanos não iriam mudar a política agrícola em função dos questionamentos dos brasileiros. A lei agrícola norte-americana (Farm Bill) em vigor prevê que o governo subsidie o prêmio de seguro aos produtores numa proporção de até 80%. "Não adianta ficar questionando na OMC se eles não cumprem as determinações", completou. Pinesso contou que o que foi acertado entre os dois países foi acordado pelo setor produtivo em assembleia.
Conforme o acordo, em troca do pagamento final de US$ 300 milhões o Brasil não questionará mais os Estados Unidos na OMC enquanto vigorar a nova Farm Bill, até 2019. Os recursos correspondem ao montante não pago pelos norte-americanos entre agosto e setembro do ano passado, quando o país adotou corte automático de gastos até que o Congresso dos Estados Unidos aprovasse a elevação do limite da dívida do governo.