Com a alta inesperada de 0,57% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro, que alcançou 6,75% em 12 meses, a projeção de outubro para o índice deve aumentar de 0,50% para perto de 0,55%, na avaliação da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour. Ela estimava que o indicador subiria 0,47% no mês passado. Em 2014, a economista tinha uma previsão de que o IPCA subiria 6,30%, mas agora avalia que o número subirá para 6,45% no fim do ano, sem considerar uma elevação de combustíveis. "Agora ficou bem menor o espaço para alta de gasolina neste ano, pois aumentaram as chances de a inflação superar o teto, de 6,5%", comentou ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.
Na avaliação de Solange, o aumento dos preços em setembro atingiu diversos itens da cesta de mercadorias e serviços analisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Habitação subiu 0,77%, acima de 0,68% previsto por ela. O mesmo ocorreu com vestuário, pois avançou 0,57%, enquanto ela esperava 0,40%. No caso da alta de 0,76% de carros novos, ela pondera que uma parcela desta elevação ocorreu em função da variação do câmbio. O aumento de carnes de 3,7% no mês passado e que provocou o maior impacto de alta no IPCA de setembro teria sido causada em boa medida por choque de oferta.
Contudo, Solange Srour destaca que, mesmo com a economia fraca, o grupo Serviços vem subindo. O grupo atingiu 8,4% em agosto, no acumulado em 12 meses, e passou para 8,6% em setembro. "No geral a alta do IPCA no mês passado deve ter sido motivada em parte pela perda de expectativas de formadores de preços de que a inflação convergirá à meta no médio prazo", disse. "Em função disso, esses agentes econômicos aumentam seus preços, pois há pressão de custos, entre eles de mão-de-obra, dado que há na economia aumento de renda real em nível bem maior do que o alcançado pela produtividade", disse.
No último trimestre do ano, Solange estima que a inflação não dará folga. De certa forma, segundo ela, isto está relacionado a fatores sazonais, dado que os preços sobem nos últimos meses do ano devido às festas. Além de prever uma alta próxima de 0,55% do IPCA em outubro, ela projeta uma elevação de 0,50% em novembro e de 0,70% em dezembro.