FGV: sem alta da gasolina, IPC-S deve fechar ano em 6,3%

Vilão para muitos investidores, dada a sua volatilidade no mês de outubro, o câmbio não causou impacto tão forte no índice
Karol Albuquerque
Publicado em 03/11/2014 às 15:06


O resultado abaixo do esperado do IPC-S de outubro leva a crer que o índice encerrará o ano em 6,3%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) encerrou o mês passado com uma alta de 0,43%, inferior à mediana de 0,45% calculada pelo AE Projeções e também à expectativa de 0 50% do pesquisador Paulo Picchetti, da FGV.

A projeção de Picchetti para o IPC-S do ano e também para os resultados dos meses de novembro (0,40%) e dezembro (0,60%) não considera um aumento dos combustíveis ainda neste ano. Apesar de esperado por muitos, o reajuste ainda é incerto tanto em relação ao tamanho quanto ao momento.

Picchetti explica que calculou o efeito de um reajuste estimado de 5% dos combustíveis ainda neste ano sobre o IPC-S. "Só o impacto direto aumentaria em 0,15 ponto porcentual o índice no ano. Sem falar, no impacto indireto, que ocorre sobre as tarifas de ônibus, no táxi, entre outros itens", diz o pesquisador.

Ele afirma que a inflação de outubro e, consequentemente, a reafirmação da projeção para o ano podem ser interpretadas de duas formas: uma positiva e outra negativa. A positiva entende que a variação veio menor que o esperado. A negativa compreende que, pelo quinto ano consecutivo, a inflação vai estar acima e distante do centro da meta, entendendo que o comportamento do IPCA segue tendência semelhante à do IPC-S.

Vilão para muitos investidores, dada a sua volatilidade no mês de outubro, o câmbio não causou impacto tão forte no índice, segundo o pesquisador da FGV. Picchetti afirma que é fato que o dólar comercial mudou de patamar neste ano. Apesar disso, mesmo os itens mais suscetíveis à variação da moeda americana, os chamados comercializáveis, oscilaram pouco neste ano. "O grupo como um todo oscilou de uma variação de 2,50% para algo como 3 20% e já está abaixo dos 3% agora", diz Picchetti. Os comercializáveis variaram 2,93% no acumulado de 12 meses encerrados em outubro. Os industrializados seguem comportamento semelhante. Variaram 2,92% no mesmo período.

O pesquisador salienta que os preços administrados são os que mais pressionam a inflação em 2014. Subiram 12,64%, puxados por eletricidade residencial (7,75%) e aluguel (5,84%). "E eles devem continuar subindo", diz Picchetti. No mês de outubro, a maior contribuição negativa para o índice partiu do grupo Alimentação (de 0,57% para 0,49%). Nessa classe de despesa, os itens de leite e derivados surpreenderam com uma deflação de 0,31%. "Sabemos que a seca no Estado de São Paulo afeta os preços dos alimentos in natura, mas é difícil isolar essa variável e entender exatamente o impacto sobre a inflação", diz Picchetti.

Apesar de São Paulo ter o maior peso no índice (27,89%) em relação às outras seis capitais, o programa de descontos da companhia de água e esgoto no Estado, a Sabesp, não tem contribuído para que a inflação da tarifa de água e esgoto permaneça no campo negativo. Em outubro, o item oscilou +0,80%. O dado exige cautela ao ser lido. O aumento não significa que o paulista consumiu mais água em outubro, porque a Sabesp divulga os dados de consumo com um mês de defasagem. "Ou seja, sabemos quanto custou a tarifa em outubro, mas saberemos o tamanho do desconto dado ao consumidor somente em novembro", diz Picchetti.

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