O secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho, afirmou nesta segunda-feira (3) que mantém para esse ano a previsão de um superávit comercial em 2014. Ele, no entanto, destacou que é preciso esperar o resultado da balança em novembro que será decisivo para confirmação dessa expectativa.
Godinho destacou que dezembro é um mês tradicionalmente superavitário. Há um esforço do lado das exportações para fechamento de contratos e diminuição de estoques. Também há menor importação de insumos por causa da produção industrial menor no começo do ano.
O secretário também acredita que deve haver uma melhora na chamada conta-petróleo, principalmente por conta do aumento da produção e das exportações. "Há uma concentração de aumento da produção de petróleo nos últimos meses do ano", afirmou.
De acordo com dados do MDIC, a balança comercial da chamada conta-petróleo registrou um déficit de US$ 13,773 bilhões de janeiro a outubro. Segundo Godinho, se mantido o ritmo das importações no ano, a conta-petróleo deve fechar 2014 com um déficit na casa dos US$ 15 bilhões. "Esse é um dos fatores importantes para o resultado da balança comercial no ano", destacou.
Godinho também espera uma melhora nas vendas de minério de ferro com possível aumento da quantidade embarcada em novembro e dezembro, além de uma continuidade do aumento da exportação do complexo carne que cresceu 5% de janeiro a outubro e 11% somente em outubro, 11%.
MINÉRIO E ARGENTINA - O secretário avaliou ainda que dois fatores em 2014 tiveram um desempenho divergente do esperado pelo ministério e pelos analistas de comércio exterior. Segundo ele, um dos fatores foi a queda de preços internacionais mais acentuada que o previsto. "A expectativa era de que o preço se acomodasse em patamar mais baixo que em 2013, mas a queda foi maior que o previsto pelo MDIC e pelos especialistas", comentou.
Godinho disse que o minério de ferro teve queda no preço na ordem de 20% esse ano em relação a 2013. Somente em outubro, o recuo foi de 40%. Segundo o secretário, se os preços estivessem no mesmo patamar do ano passado, as exportações de minério de ferro teriam sido US$ 5,4 bilhões a mais.
Outro fator que afetou negativamente a balança, afirmou Godinho, foi a queda forte na demanda da Argentina, terceiro parceiro comercial e principal comprador de manufaturados brasileiros. Segundo ele, a demanda da Argentina por produtos brasileiros caiu 27% no ano. A procura por manufaturados diminuiu 29% e de automóveis, 44% no acumulado do ano.