O reajuste de 3% nos preços da gasolina nas refinarias, e que passou a vigorar na sexta-feira, 07, deve ter um impacto de 0,10 ponto porcentual no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de novembro. O cálculo é do coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o aumento, o economista da FGV alterou a expectativa para o IPC-S deste mês para uma alta de 0,50%, ante estimativa passada de 0,40%.
"Tanto a previsão de novembro como a do final do ano, que era de 6,3%, estavam (e estão) altamente condicionadas a reajustes iminentes, que estão por acontecer e se de fato virão. Desde sexta, aconteceu o da gasolina. É óbvio que muda a projeção", contou, acrescentando que a estimativa para o IPC-S de 2014 passou para 6,4%, após previsão anterior de 6,3%.
Picchetti disse não descartar, para o IPC-S deste mês, uma taxa maior que a de 0,50%, por conta das incertezas relacionadas à seca que atinge boa parte do País, prejudicando especialmente as lavouras dos alimentos in natura. "Mesmo que a aceleração (mais forte) dos in natura venha a se concretizar e afete a inflação de novembro, ainda assim não se justificaria mudar a projeção do ano. Pela natureza do seu comportamento, os alimentos, quem sabe podem desacelerar em dezembro e ter, assim, alguma compensação" justificou.
De acordo com a FGV, o grupo Alimentação foi o principal responsável pelo avanço do IPC-S entre o fim de outubro e o começo de novembro, de 0,43% para 0,49%. A classe de despesa de alimentos passou de 0,49% para 0,65% entre o fechamento do décimo mês do ano e a primeira quadrissemana de novembro (últimos 30 dias terminados na sexta-feira, 07). A maior pressão partiu das hortaliças e legumes, cuja variação foi de 2,53% para 6,20%.
O economista da FGV ressaltou que além de já ter apresentado taxas elevadas na primeira quadrissemana deste mês, a inflação de alguns produtos alimentícios seguem avançando com mais intensidade, segundo pesquisas mais atuais. "Excluindo o tomate, os preços da batata, alface e laranja pera estão acelerando muito na ponta (levantamentos recentes)", disse.
Apesar de integrar a lista das maiores influências de alta no IPC-S da primeira quadrissemana, ao subir 17,64%, os preços do tomate já dão sinais de queda, segundo Piccheti. Já em relação ao demais, o cenário é de novos aumentos. Conforme o professor da FGV, a laranja, que subiu 8,35% no IPC-S da primeira leitura deste mês, já está avançando acima de 17% nas pesquisas de ponta (mais recentes). No caso da alface, que teve alta de 3,80% na primeira medição de novembro, já está subindo mais de 10% nos levantamentos mais atuais, enquanto a batata tem inflação de cera de 50%, depois de 11,9% na primeira quadrissemana de novembro.
Difusão
Como a forte pressão de alta nos preços de alimentos está concentrada nos itens in natura, o indicador de difusão do IPC-S arrefeceu na primeira quadrissemana de novembro, para 65,88%, após 67,35% no fechamento de outubro. "Reflete um número pequeno de itens, que são os in natura, que estão subindo muito. Se reverterem ou não, é isso que vai impactar (a projeção para o mês)", disse.