Indústria vive sua maior crise, diz Mendonça de Barros

O ex-secretário considerou que nunca na história se fez tanta política para a indústria
Karol Albuquerque
Publicado em 18/11/2014 às 13:59
O ex-secretário considerou que nunca na história se fez tanta política para a indústria Foto: Foto: Igo Bione/JC Imagem


O ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda e sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, avaliou nesta terça-feira (18) que o Brasil vive um paradoxo no desenvolvimento da indústria. Durante participação em evento da série Fóruns Estadão Brasil Competitivo, que tem por tema nesta edição as prioridades para o avanço da indústria, ele considerou que nunca na história se fez tanta política para a indústria e, ao mesmo tempo, nunca a crise do setor foi tão grande. 

"Temos uma dosagem e uma variedade de políticas sem precedentes, com crédito subsidiado em doses maciças e operações de participação do BNDESPar em grande escala", afirmou. "No entanto a indústria nunca esteve numa crise tão grande, o que mostra que algo está errado", disse. 

Mendonça de Barros avaliou que políticas específicas para a indústria não têm tido efeito porque há questões macroeconômicas que precisam ser abordadas. "Se a política macro vai mal, não tem como a política setorial compensar, isso está na base de boa parte das políticas setoriais que o governo fez recentemente", declarou.

O economista considerou que as isenções temporárias de tributos não têm tido o efeito desejado e defendeu um processo mais amplo de simplificação tributária. "Se não tivermos uma simplificação, não tem como haver retomada factível do crescimento da economia" declarou. "A isenção temporária de tributos cria incertezas, não ajuda o setor produtivo e ainda atrapalha o Tesouro", concluiu. 

Outro ponto citado como crítico por Mendonça de Barros foi a questão energética. Para ele, houve um retrocesso porque os industriais não podem mais contar com o fornecimento de energia tradicional e muitos optam por ter um sistema próprio de geração. Ele ainda criticou o que considerou um excesso de proteção à indústria nacional. "Esse excesso de suporte danifica a produtividade, inibe os esforços de tentativa e erro que geram a inovação", comentou.

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