Mesmo com as contas públicas podendo terminar o ano no vermelho, e a perspectiva de um 2015 difícil para a economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (19) que acredita numa poupança de 2% do PIB no próximo ano, para pagamento de juros da dívida.
"Podemos entrar 2015 com a economia se recuperando, uma taxa de crescimento melhor, isso vai ajudar a fazermos um (superavit) primário em torno de 2% no próximo ano", disse a jornalistas, ao chegar ao ministério nesta manhã.
Neste ano, depois de revisões, a meta do chamado superavit primário era de poupar 1,9% do PIB. Diante da impossibilidade de cumprir esse compromisso, o governo enviou um projeto que afrouxa o controle dessa meta, permitindo abatimentos ilimitados de gastos com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e de desonerações de impostos do resultado primário.
Questionado sobre o significado do projeto, aprovado na terça-feira (18) pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Mantega de início desconversou. Disse que a economia está voltando a aquecer gradualmente.
"Estamos numa recuperação, vocês não estão vendo isso!"
Depois afirmou que o governo está trabalhando para ter superavit esse ano. O relator da matéria, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), trocou a palavra "superavit" do projeto por "resultado", um reconhecimento de que é possível que as despesas superem as receitas neste ano eleitoral (ou seja, é possível que haja um deficit).
Na tarde desta quarta-feira (19), Mantega, Miriam Belchior (Planejamento), Aloísio Mercadante (Casa Civil) e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, reúnem-se para alinhavar o relatório bimestral de receitas e despesas, que deve conter nova projeção de resultado primário para este ano e o próximo.
"Vamos avaliar melhor, inclusive a partir desse comportamento da economia. O que melhora o primário é o crescimento maior da economia, e neste segundo semestre está havendo sim um crescimento da economia. Isso vai ajudará inclusive no ano que vem."
POLÍTICA MONETÁRIA - Mantega afirmou que, a depender da política fiscal e com inflação mais moderada, não é necessária nenhuma política monetária adicional, ou seja, aumento de juros. "Mas é minha opinião, o Copom (Comitê de Política Monetária, que decide sobre os juros) tem autonomia."
O IPCA (índice oficial de inflação) de novembro foi de 0,38%, abaixo do esperado. "Isso significa que a inflação está crescendo menos, o que é boa noticia. Nessa época do ano, a inflação estaria acelerando um pouco, e ela não está."