O Ministério do Trabalho divulgou nesta quarta-feira (17) estudo feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) que revela que, de cada 100 trabalhadores, 55 não chegam a completar nem um ano com o mesmo empregador em 2013.
O número cresceu em relação a 2003, quando essa relação era de 42 demitidos para cada 100 trabalhadores. E tem se mantido no atual patamar em 2011 (54,6) e 2012 (55,2).
Para reduzir a rotatividade no mercado de trabalho brasileiro, uma das causas dos gastos crescentes com seguro-desemprego no país, o governo estuda medidas.
Os setores da construção civil, agricultura e call centers, que têm as maiores taxas de rotatividade, vão receber atenção especial de grupos de trabalho do governo, que irão estudar a dinâmica desses setores e avaliar formas de conter a rotatividade.
Uma das medidas estudadas é mudança do regime de registro dos empregados desses setores que naturalmente demitem e contratam com muita frequência.
Segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, um trabalhador da construção civil, por exemplo, quando demitido de uma obra já pronta e contratado por outra logo na sequência, não teria seu contrato suspenso. A ideia está sendo avaliada pelo governo, disse.
QUALIFICAÇÃO - Para o ministro Manoel Dias (Trabalho), qualificação profissional é prioridade nesse esforço de reduzir a taxa de rotatividade.
A baixa qualidade dos postos de trabalho justifica a alta taxa no país, diz Lúcio. "Você tem uma cultura e dinâmica de liberdade de demissão, em função de uma dinâmica econômica de baixo valor agregado. Assistentes, ajudantes, serventes geralmente compõem o grosso dos que rodam."
Outros sistemas de proteção ao emprego estão sendo estudados pelo governo. Centrais sindicais estiveram com técnicos do Ministério da Fazenda há algumas semanas para discutir a redução de jornada e salário para evitar demissões em tempos de crise econômica.
A discussão em torno dos gastos em demitir um trabalhador tem ganhado importância neste período de transição.
Em seu esforço de cortar gastos nos próximos anos, o governo tem indicado que redução no pagamento de seguro-desemprego será uma das prioridades.