Dólar fecha em queda pelo 4º dia de olho em juros nos EUA

No mercado à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, o dólar teve queda de 1,84% no dia e de 0,67% na semana, para R$ 2,991 na venda
Da Folhapress
Publicado em 08/05/2015 às 18:15
No mercado à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, o dólar teve queda de 1,84% no dia e de 0,67% na semana, para R$ 2,991 na venda Foto: Foto: Marcos Santos / USP Imagens


O dólar fechou esta sexta-feira (8) em queda pelo quarto dia, com investidores minimizando a recuperação da criação de empregos nos Estados Unidos em abril e concentrando-se no aumento menor que o esperado da renda média por hora, que pode ser um sinal de que a inflação ainda não está ganhando ímpeto na maior economia do mundo.

No mercado à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, o dólar teve queda de 1,84% no dia e de 0,67% na semana, para R$ 2,991 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, recuou 1,38% no dia e 0,96% na semana, para R$ 2,984.

Embora a criação de vagas de trabalho tenha ficado praticamente em linha com as expectativas em abril, levando a taxa de desemprego à mínima em quase sete anos, a renda média por hora subiu apenas 0,1%. Além disso, o dado de março foi revisado para o menor nível desde junho de 2012.

Na quarta-feira, outro indicador americano havia mostrado que o setor privado dos EUA abriu 169 mil vagas de trabalho no mês passado, menor número desde janeiro de 2014 e muito abaixo das expectativas de analistas.

Ambos os resultados podem abrir espaço para o Federal Reserve (banco central dos EUA) manter os juros em seu atual patamar por mais tempo, enquanto espera para ver sinais mais consistentes de que a inflação está acelerando em direção a sua meta. A taxa básica de juros naquele país está, desde 2008, entre 0% e 0,25% ao ano -menor nível histórico.

Uma alta dos juros americanos deixaria os títulos do Tesouro dos EUA -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes, provocando uma saída de recursos dessas economias.

A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima, por isso a possibilidade de que o aumento demore mais para ocorrer tem efeito contrário no mercado, estimulando a queda na cotação do dólar sobre o real.

AJUSTE

"Havia uma expectativa de que os dados de emprego fossem fortes o suficiente para sugerir um aumento antecipado dos juros, e isso foi precificado no mercado americano nesta semana. Como os resultados não foram muito animadores, o mercado vai ajustar suas apostas nesta sessão", disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

A avaliação de Gonçalves é que questões internas, como a definição do ajuste fiscal, devem continuar exercendo mais influência sobre a cotação do dólar ante o real. "O IPCA [indicador oficial da inflação no Brasil] divulgado hoje, por exemplo, veio sem surpresa. E o fato de não ter surpresa já virou boa notícia por aqui, ajudando a conter o dólar."

A atuação do Banco Central no câmbio também seguiu no radar dos investidores. Nesta sexta, a autoridade monetária brasileira rolou para 2016 os vencimentos de 8,1 mil contratos que estavam previstos para o início de junho, em um leilão que movimentou US$ 391,6 milhões. A operação é equivalente à venda futura de dólares.

Se mantiver esse ritmo até o final de maio, o BC rolará apenas 80% do lote total de contratos de swap com vencimento no início do próximo mês, que corresponde a US$ 9,656 bilhões.

MERCADO DE AÇÕES

O relatório de emprego americano impulsionou as Bolsas dos EUA nesta sexta-feira, e os principais índices de ações daquele país fecharam em alta de mais de 1%.

Referência para o mercado brasileiro, o Ibovespa oscilou entre altas e baixas durante a sessão, mas fechou no azul, influenciado pelo otimismo externo. O ganho foi de 0,40%, para 57.149 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,107 bilhões. Na semana, o índice avançou 1,64%.

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