O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou nesta terça-feira, 25, que a movimentação da taxa de câmbio - o que faz as exportações ficarem mais competitivas, e bens e serviços externos mais onerosos - e o momento da economia brasileira explicam o desempenho do setor externo de julho, que apresentou déficit de US$ 6,163 bilhões. Ele salientou que os números do mês passado tiveram desenho semelhante ao verificado no primeiro semestre deste ano, com déficits inferiores a iguais períodos de 2014.
Ao analisar os números da balança comercial, Maciel comentou que há retração das importações e das exportações no acumulado do ano. No caso de compras, a queda está em 19,4%, refletindo, segundo ele, tanto a retração no volume importado quanto nos preços. Já nas exportações, a queda é de 15,8% de janeiro a julho ante igual período do ano passado. Neste caso, a composição é diferente: os preços recuaram 20%, mas o volume cresceu 6,6%.
"Além da balança, a conta de serviços mostra desempenho melhor este ano, o déficit diminuiu de forma significativa", disse. Segundo ele, o resultado de viagens internacionais é emblemático nesse sentido, com redução neste ano, e em rendas também.
Maciel calculou que, no acumulado do ano até o mês passado, o rombo das transações correntes está US$ 14,2 bilhões inferior ao de igual período do ano passado. Segundo ele, houve ganho de US$ 5,2 bilhões da balança comercial, de US$ 3,2 bilhões na conta de serviços e de US$ 3,6 bilhões na conta de rendas, por conta, basicamente, de lucros.
Agosto
Tulio Maciel estima que em agosto o déficit em transações correntes deve ficar em US$ 4 bilhões, o que confirmaria a tendência de melhora. Ele ponderou, no entanto, que há também uma tendência de redução dos Investimentos Diretos no País (IDP) - recursos estrangeiros destinados ao setor produtivo. A parcial para IDP até 21 de agosto mostra ingressos de US$ 1,8 bilhão. Diante desse número, a projeção é de US$ 3 bilhões para agosto.
Com relação a despesas de brasileiros no exterior, Maciel avalia que estão recuando em função do dólar mais elevado e da renda do brasileiro que está mais apertada e tem crescido a ritmo menor. Maciel observou que em junho, mesmo tirando o evento Copa do Mundo, houve um recuo de 22% nas despesas. Esse movimento se manteve no mês seguinte e em julho o recuo foi de 30% na comparação com igual período de 20 14.
Até 21 de agosto, essas despesas líquidas somam US$ 660 milhões. "Esse número mostra queda de 46% na comparação com agosto do ano passado", disse Maciel. Ele ponderou ainda que outras rubricas na conta de serviços mostraram arrefecimento. Com a corrente de comércio menor, as despesas de transportes, por exemplo, também recuaram. Uma das poucas contas que apresentou avanço foi a de aluguel de equipamentos em função de produção de petróleo.