Uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais que aplicam em países emergentes mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências de classificação de risco. Outra conclusão do levantamento é que a China ultrapassou o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) como maior risco para esses mercados.
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Entre os emergentes que estão com economias mais deterioradas, o Brasil é o que mostra maior probabilidade de ser classificado no grau especulativo, ou “junk” (lixo, na expressão usada pelo mercado financeiro), por ao menos duas agências nos próximos dois anos, de acordo com o BoFA. Para a Turquia, 60% dos entrevistados pelo banco americano acreditam que o país pode ser rebaixado por duas agências; na África do Sul, o porcentual é de 40% e, para a Indonésia, é de 10%.
O BoFA já fez a mesma pesquisa em outros meses, mas a pergunta sobre a perda de grau de investimento era em “ao menos uma agência”. O Brasil também liderava as apostas dos gestores em períodos anteriores, quando comparado a outros emergentes. Em julho, cerca de 65% dos entrevistados acreditavam que o País iria perder o selo; em fevereiro, eram 70%. Como o Brasil já perdeu a classificação este mês pela Standard & Poor’s (S&P), a pergunta foi alterada agora para “ao menos duas agências”. Na Moody's, um novo rebaixamento colocaria o Brasil no grau especulativo. Na Fitch, o Brasil está a dois níveis de perder o grau de investimento.
A perda do selo do grau de investimento por ao menos duas agências de classificação de risco é um complicador adicional para a economia de um país. A razão é que muitos dos grandes investidores internacionais, como fundos de pensão e seguradoras só investem em países que tenham selo de bom pagador em ao menos duas das três principais agências de rating. Assim, esses fundos são obrigados a retirar recursos do mercado com o rebaixamento e não podem fazer novas aplicações.
O Bank of America Merrill Lynch realizou a pesquisa entre os últimos dias 14 a 16 e ouviu gestores com US$ 320 bilhões alocados em emergentes.
Um pouso forçado da economia da China é considerado o principal risco para os emergentes, ultrapassando a alta de juros pelo Fed segundo a pesquisa. Outro risco para esses mercados que aparece entre os três maiores é a queda do preço do petróleo. Para a maioria dos entrevistados na pesquisa (60%), o Fed deve elevar os juros em dezembro.