O empresário José Luis Cutrale, presidente da processadora e produtora brasileira de suco de laranja Cutrale e também o maior acionista da Chiquita Brands, considerou o novo nível do dólar, em torno de R$ 4, "uma beleza" e positivo para o agronegócio brasileiro.
"O dólar a R$ 1,60 fechou as portas para o comércio externo brasileiro", disse ele em entrevista concedida no Juice Summit 2015, evento do setor de sucos realizado em Antuérpia, na Bélgica.
Para o empresário, que lamentou o fato de o Brasil ter ficado de fora da Parceria Transpacífica de livre-comércio, assinada esta semana entre Estados Unidos, Japão e outros dez países, "a exportação sempre foi a chave do Brasil" e, por isso, o governo precisa "abrir mais para o comércio e não pode ficar fechado".
A Cutrale, que completa 50 anos em 2017, é uma das maiores produtoras e exportadoras de suco de laranja do mundo, ao lado da Citrosuco. Ambas dominam, juntamente com a Louis Dreyfus Commodities (LDC), um mercado que movimenta cerca de US$ 2 bilhões anuais em vendas externas do País.
O empresário comemorou o anúncio, previsto para ser feito nesta quinta-feira, 8, da parceria entre a Associação Nacional de Exportadores e Sucos Cítricos (CitrusBR) e a Associação Internacional de Sucos de Fruta (AIJN, da sigla original em francês), que prevê investimento de US$ 7 milhões por ano para o incentivo do consumo de suco, principalmente o de laranja, na Europa. "O cenário que avalio é que teremos dias espetaculares, pois conseguimos juntar as indústrias de suco e a maioria dos engarrafadores europeus em um projeto como esse para estudarem e publicarem o que tem de bom no suco de laranja puro", afirmou.
Cutrale lembrou que os investimentos no projeto podem ser ampliados e atingirem US$ 15 milhões por ano em relações públicas e publicidade para tentar reverter a queda no consumo em meio a propagandas negativas sobre a quantidade de açúcar na bebida no mercado europeu. Em oito anos, o consumo de suco de laranja puro caiu 17,7% na Europa, um recuo de 2,2% ao ano.
CRISE
Em relação ao momento conturbado que o Brasil atravessa, o empresário disse que o País já teve várias crises econômicas e "certamente" vai superar a atual. "O Brasil é grande e tem força para crescer sozinho", disse. "E aproveito para incentivar o jovem brasileiro a não ter medo e não se assustar com isso." Cutrale avaliou, ainda, que o cenário "já começou a se arrumar" no País, traçou um cenário "muito melhor" para 2016 e afirmou que "2017 será o ano Brasil".
Em relação à Parceria Transpacífica, o empresário minimizou os efeitos para o agronegócio brasileiro. "O mundo precisa falar com o Brasil quando o assunto é agronegócio."