Rompimento de barragem deve elevar preço da pelota de minério de ferro

A Samarco, sociedade entre Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, responde por cerca de 20% das vendas de pelotas de minério no mundo
Da Folhapress
Publicado em 09/11/2015 às 18:34
A Samarco, sociedade entre Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, responde por cerca de 20% das vendas de pelotas de minério no mundo Foto: Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil


O desastre decorrente do rompimento de duas barragens da Samarco em Mariana (MG), na última quinta-feira (5), além de impor duras consequências à população local, também deve ter impacto sobre o preço internacional da pelota de minério de ferro. A previsão consta de relatório distribuído nesta segunda (9) pelo Citigroup.

A Samarco, sociedade entre Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, responde por cerca de 20% das vendas de pelotas de minério no mundo.

As pelotas são pequenas esferas de minério que já foram tratadas no passado como resíduo do processo de mineração. Atualmente, após beneficiamento com uso de alto-fornos, são usadas na produção de aço. Seu preço tem um "prêmio" em relação aos chamados "finos de minério", produto cuja produtividade nas siderúrgicas é menor.

De acordo com o Citigroup, a paralisação das atividades do complexo minerador de Germano-Alegria da Samarco, em Mariana, levará a redução do volume do produto no mercado mundial e seu consequente encarecimento.

Reportagem publicada nesta segunda (9) pelo jornal "Valor Econômico", informa que o Bank of America e o Credit Suisse também fizeram análises nos mesmos termos, prevendo alta.

O documento do Citi não chega a especificar o quanto o preço pode subir nos próximos meses. Cita ainda questões pontuais de demanda na China para a alta.

"A Samarco é responsável por mais de 20% das exportações mundiais de pelotas. A perda de tais volumes ao mesmo tempo que Hebei [província chinesa] e parte do norte da China recebem a primeira neve da estação sugerem uma perspectiva otimista para prêmios de pelotas de minério e granulados", registra o relatório.

Ainda não se sabe por quanto tempo a produção da mineradora ficará parada. A empresa tem duas unidades produtivas, a mina em Mariana e um complexo com pelotizadora (planta de beneficiamento da pelota) e terminal portuário para o escoamento da produção em Anchieta, no Espírito Santo.

Segundo o relatório da administração da Samarco, a empresa produziu 25 milhões de toneladas de pelotas em 2014. O presidente da empresa, Ricardo Vescovi, anunciou, na semana passada, que as operações estão suspensas por tempo indeterminado.

O Ministério Público de Minas Gerais, que apura as responsabilidades criminais do acidente, divulgou, também na semana passada, que pretende suspender a licença de operação da mina.

A Samarco investiu R$ 46,3 bilhões em suas principais unidades produtivas em 2014. A companhia teve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões em 2014, alta de 3% em relação aos R$ 2,7 bilhões de 2013.

A receita com a venda de produtos atingiu, no ano passado, R$ 7,5 bilhões, aumento de 4,6% em relação ao ano anterior. A mineradora, que não tem capital aberto na bolsa de valores, distribuiu R$ 1,6 bilhões em dividendos aos seus acionistas em 2014.

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