Não é só porque está barato que você precisa comprar. Se essa já é uma máxima a ser lembrada o ano inteiro para controlar o orçamento, nesta quinta-feira (26), na Black Friday, ela deve guiar as escolhas de quem quer aproveitar os descontos. Em um ano em que o brasileiro sentiu no bolso as consequências das reviravoltas econômicas e políticas, compras por impulso e endividamento não são opções inteligentes para encerrar 2015.
Para o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos, o maior cuidado deve ser com as compras no cartão de crédito, cujos juros anuais passaram dos 400%. Já o percentual de famílias de renda de até dez salários mínimos endividadas chegou a 62,3%, segundo a Confederação Nacional do Comércio. “É o principal motivo do endividamento das famílias e, muitas vezes, são usados para compras de valores altos de de bens supérfluos. A recomendação é priorizar as compras à vista ou, no caso das lojas físicas, dar uma entrada maior para parcelar o mínimo possível”, diz Ramos. Ele ainda lembra que os índices crescentes de desemprego são mais um motivo para evitar dívidas futuras.
» Faça o teste: você é um comprador compulsivo?
Mesmo diante desse cenário, uma pesquisa realizada pelo MercadoPago com 1.164 internautas mostra que 65,8% dos entrevistados vão pagar os gastos da Black Friday dividindo no cartão de crédito. Além disso, o tíquete médio é alto: 68% deles pretende gastar mais de R$ 500 com as ofertas de hoje e 28,5% quer gastar entre R$ 500 e R$1 mil. Apenas 3,5% vão gastar até R$ 100.
A advogada da Serasa Vera Lúcia Remedi Pereira alerta para incapacidade de pagar dívidas atuais e futuras, que caracteriza o superendividamento. Especialista no assunto, ela lembra que a compulsão por compras é uma das causas recorrentes do superendividamento. “Somam-se a esta lista, apelos do mercado (campanhas publicitárias que incentivam o consumo desenfreado) e a oferta de crédito fácil”, acrescenta.
Além de não gastar mais do que pode, o consumidor deve se preocupar em gastar o que tem da forma correta. “A premissa é priorizar e pesquisar. Saber se o produto está na sua lista de bens necessários e se o valor realmente está abaixo do que é praticado”, recomenda o consultor financeiro de professor da Faculdade Guararapes, Roberto Ferreira.
Informar um desconto que não corresponde à realidade, aliás, é crime e pode ser denunciado pelos consumidores. “As pessoas estão mais conscientes, pesquisam e sabem quando o preço não corresponde a um desconto. Isso é propaganda enganosa, crime”, destaca o gerente jurídico do Procon-PE, Roberto Campos. As denúncias podem ser feitas através dos telefones 0800.282.1512 ou do (81) 3181.7000. Equipes do Procon estarão de plantão durante o dia de hoje para verificar as denúncias.