A venda de automóveis foi destaque da balança comercial brasileira em fevereiro, especialmente para o México e a Argentina. Segundo números divulgados nesta terça (1°) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as unidades exportadas aumentaram de 27,5 mil em fevereiro de 2015 para 51 mil no mesmo mês deste ano, um crescimento de 85,5%. O valor exportado passou de US$ 397 milhões para US$ 604 milhões no mesmo período, incremento de 52,1%.
De acordo com o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do ministério, Herlon Brandão, a melhora no desempenho pode ser atribuída a acordos comerciais e ao câmbio, já que o dólar valorizado favorece as exportações. "Com o México, houve renovação do acordo automotivo e com a Argentina, também. O setor já declarou que tem sido ajudado, ainda, pelo câmbio", comentou Brandão. Os técnicos do ministério abarcam vários produtos sob a nomenclatura automóveis: ônibus, automóveis de passageiros, comerciais leves e caminhões.
Brandão ressaltou que os carros de passeio são os mais vendidos aos mexicanos e argentinos. No mês passado, as exportações brasileiras globais para o México cresceram 4,1% e, para a Argentina, 5,1%, ambos na comparação com fevereiro de 2015. Segundo Brandão, os veículos puxaram os aumentos. "A Argentina está absorvendo mais por conta do valor absoluto. Mas, em termos relativos, o México cresce mais. A Argentina, no primeiro bimestre, teve alta de 100% em quantidade de automóveis vendidos e o México, de 140%."
O desempenho dos automóveis vem na esteira de um crescimento das exportações de produtos manufaturados em geral. De acordo com dados do ministério, no mês passado, as exportações brasileiras de itens básicos caíram 0,5% na comparação com fevereiro de 2015, pelo critério da média diária, que leva em conta o valor negociado em dólares por dia útil. As exportações de semimanufaturados cresceram 14% no período. Já as vendas externas de manufaturados, que são os bens com maior grau de industrialização, aumentaram 7,9%.
Apesar de o fenômeno ser estimulado por questões como a alta do dólar e desaquecimento interno, Herlon Brandão espera que seja "perene". "Esperamos que seja perene. O comércio internacional demanda uma inserção. Uma vez que a empresa alcança as exportações, o interessante é que ela mantenha esse cliente conquistado", disse ele. Segundo Brandão, para este ano, o Ministério do Desenvolvimento continua projetando superávit comercial de US$ 35 bilhões, com crescimento de exportações.
Em fevereiro, as exportações brasileiras registraram o primeiro aumento anual em 17 meses. Na comparação com fevereiro de 2015, cresceram 4,6%, segundo a média diária. IO último aumento das vendas externas tinha sido em agosto de 2014, na comparação com o mesmo mês de 2013. Nos últimos meses, a balança comercial brasileira vinha registrando superávit principalmente porque as importações caíam em ritmo mais acentuado que as exportações. A partir de agora, no entanto, o governo espera ver essa tendência revertida.
EFEITO CÂMBIO
Segundo Herlon Brandão, entre os fatores que possibilitaram a virada das vendas externas, está a estabilização dos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional), que continuam caindo, mas em ritmo mais brando do que antes.
"O efeito preço [das commodities] já é um pouco menos importante, porque a queda começou a ocorrer em 2014. Houve ainda um adiantamento dos embarques de soja [em fevereiro] e o crescimento dos industrializados, que foi uma grata surpresa. Possivelmente, também, o efeito câmbio. O câmbio está se desvalorizando desde 2014, e isso agora está se refletindo nas exportações, O número de exportadores está crescendo", afirmou Brandão.
A conta-petróleo, que havia ficado positiva em US$ 394 milhões em janeiro, voltou a ter déficit em fevereiro, de US$ 741 milhões. O saldo negativo, no entanto, caiu em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado, de US$ 1,78 bilhão. Do lado das importações, o mês de fevereiro continuou a representar queda acentuada, de 34,6%, ante o mesmo período de 2015. Na comparação com janeiro, entretanto, houve alta de 5,1%. A principal queda foi nas compras brasileiras de combustíveis e lubrificantes, que recuaram 54,6%.